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Lembram-se dos homenzinhos que invadiram a Ucrânia? Todos sabemos que eram russos, mas a Rússia, com um sorriso nos lábios, dizia que não.
No caso dos terroristas que nos andam a dar cabo da tranquilidade, muitos de nós acham mesmo que são agentes que matam apenas porque sim, sem qualquer base ideológica.
Percebo porque caímos neste erro: não queremos acusar toda uma religião de ser a base deste terror.
E, de facto, o inimigo não é o Islão — mas tem um nome e é real.
Lembram-se do fascismo? Daquela ideologia assassina que invadiu muitas mentes europeias, muitas delas bem inteligentes e informadas, na primeira metade do século XX. Podemos mesmo dizer que ainda não desapareceu completamente.
Ora, o fascismo ligou-se, em muitos países, à religião cristã. E, no entanto, parece-me claro que não podemos acusar os cristãos, em conjunto, de serem fascistas.
O mesmo se passa no Islão: há uma corrente política que se afirma muito religiosa que tem um cariz fascista e que nos anda a aterrorizar.
Essa corrente não é o Islão. É uma corrente minoritária dentro desse Islão que se afirma como a mais pura das interpretações dessa religião.
O nome é wahhbismo e teve origem na Arábia Saudita. Se quiserem saber mais sobre o movimento, podem começar pela Wikipédia. Leiam ainda este post de Nassim Nicholas Taleb.
Sim, o wahhabismo é fascismo puro e duro. Confundir este movimento com o Islão é o mesmo que confundir os movimentos religiosos de cariz fundamentalista (como o K.K.K.) com o Cristianismo no seu conjunto.
Agora, as más notícias: este movimento tem o apoio explícito de países que são, por motivos circunstanciais, aliados da Europa e dos E.U.A. Este movimento tem também muito dinheiro e tem espalhado esta ideologia pelas escolas religiosas do Paquistão e de muitos outros países, incluindo o Reino Unido e a França.
Esta ideologia ganha cada vez que a confundimos com o Islão. As primeiras vítimas são os muçulmanos moderados (a larga maioria). É ainda uma ideologia muito atractiva para os homens novos, aborrecidos do mundo, que gostam de radicalismo e odeiam o mundo brando da vida adulta.
Mais: tudo o que fizermos para a combater é usado para justificar o radicalismo. Há ainda todo um processo de vitimização que lembra a forma como Hitler aproveitou a sensação de humilhação dos alemães depois da I Guerra Mundial. Este fascismo — como os outros — aproveita o pior da natureza humana, mas é profundamente eficaz a arrebanhar as mentes de quem cai na armadilha. Reparem no Estado Islâmico: promete salvação eterna no futuro, escravas sexuais agora mesmo, a excitação da guerra e a recusa do mundo aborrecido do dia-a-dia. São ideias potentes.
É um problema. São, literalmente, inimigos. Esta ideologia acha que todos os infiéis (grupo em que incluem grande parte dos muçulmanos) são sub-humanos, sem qualquer possibilidade de redenção ou de compaixão. Para eles, matar 200 crianças infiéis é tão inócuo como jogar um jogo de computador.
Daqui nasceu a Al-Qaeda e o Daesh (ou Estado Islâmico).
O que podemos fazer? Não tenho grandes respostas. Mas julgo que não devemos confundir esta ideologia radicalíssima e profundamente errada com a tradição religiosa de milhares de milhões de pessoas, com a qual podemos concordar ou não, mas devemos respeitar. Podemos discutir abertamente com crentes de todas as religiões. Não precisamos de dizer que têm razão em tudo, mas podemos propor um quadro de abertura, onde todos possamos discutir e viver em conjunto.
No fundo, temos de nos aliar aos moderados. Temos de defender o humanismo, tenha ele a cor nacional e religiosa que tiver.
Podemos ainda pensar em depender menos dos países que propõem este fascismo radical. Estou a falar da Arábia Saudita, claro.
Podemos também tentar dar mais força aos muçulmanos moderados, para contrabalançar a terrível força do dinheiro do petróleo por trás da divulgação das ideias wahhbistas (com a noção que tudo o que fizermos será usado contra nós pelos wahhbistas, que pintarão os moderados como «vendidos ao Ocidente»).
Podemos ainda continuar a defender valores humanistas, que, embora não excitem as almas jovens, são a única possibilidade de vivermos em conjunto. Esses valores incluem ajudar quem precisa (incluindo refugiados muçulmanos), defender o direito a discutir ideias diferentes, aceitar a provocação do humor, deixar viver à vontade quem não prejudica os outros, criar instituições comuns que não imponham valores religiosos de qualquer tipo e por aí fora.
Sim, são valores que nem todos gostam (entre eles, muitos religiosos moderados). Mas são estes valores que nos salvam dos fascismos de todos os tipos.
Acreditem — o mundo é feito duma imensidade de gente decente que, em muitos sítios diferentes, de todas as religiões ou sem nenhuma, tenta viver o melhor que sabe e pode. E, depois, há estes iluminados que acham que o mundo só se endireita em direcção ao caminho que eles acham correcto se derem um empurrão à bomba e ao tiro. Por isso, não digam que o mundo está louco. Loucos são eles.
Ora, vamos lá ver uma coisa: somos um país de emigrantes, e sempre fomos, pelo menos se considerarmos "sempre" uma palavra que abarca as últimas cinco décadas. Mas há diferenças, não só entre as gerações de emigrantes, como também entre as famílias que emigram e os interesses das famílias que emigram e as maluqueiras das famílias que emigram.
Pois se tive primos e tios que foram para as franças e canadás desta vida há uns quarenta anos, tenho agora um irmão que foi para as inglaterras de agora há uns cinco anos. O que se passa agora é que o pobre do emigrante nem sempre se consegue escapar a que às duas por três apareça a família toda à porta. Os meus pais já chegaram a fazer surpresa ao meu irmão, aparecendo por lá sem dizer nada. Isto já não é mesmo como antigamente.
Ora, numa dessas viagens em família a visitar o emigra privado cá de casa e sua esposa (já agora, um dia pode ser que conte a forma estranha como se casaram; fica para depois) — dizia, numa dessas viagens, que já foram muitas, fomos de carrinha de nove lugares por essa Europa acima, para os visitar em Cambridge e para, depois, irmos com eles a Paris. Há coisas piores na vida do que viagens destas — embora a gente duvide um pouco quando, já cansados, depois duma longa viagem até à fronteira entre Espanha e França, ali mesmo no meio do País Basco, aparece uma placa a dizer "Paris - 800 km", e sabemos que depois de Paris ainda temos muito até Cambridge, incluindo um canal inteiro da Mancha. O entusiasmo da viagem, nesse momento, é um aperto e um aconchegar do rabo ao banco, que isto ainda vai demorar. Muitos livros, muitos livros, e muito olhar pela paisagem fora.
Fonte: Google Maps
Adiante, portanto, que se faz tarde.
Fomos a Cambridge, lá estivemos algum tempo, dei as minhas voltas pelas livrarias da cidade (ah, bliss) e, sabendo que ia a Paris, chamou-me a atenção este livrinho, sujo autor não conhecia, mas que me aparecia recomendando com grande destaque na Waterstone's lá do sítio. Pego nele e compro.
Parisians, de Graham Robb. Garanto-vos que o livro é muito melhor do que possam imaginar antes de o ter lido. Garanto que vale a pena, mesmo para quem não gosta de livros sobre cidades e mesmo para quem não gosta de Paris.
Ainda antes de chegar a casa do meu irmão, estava agarrado ao raio do livro. Continuei agarrado enquanto púnhamos as malas no carro, continuei agarrado enquanto íamos pelas estradas inglesas fora e só não terminei o livro ainda antes de chegar à Mancha porque entretanto fez-se noite.
Foi nessa viagem de Cambridge para Paris que ficámos cinco horas à espera de lugar nos comboios do túnel da Mancha. Não nos lembrámos que, nas férias da Páscoa os ingleses invadem o Continente, e lá ficámos entretidos na carrinha, a amassar o tempo até podermos entrar no comboio.
Pois, com o atraso, só chegámos a França aí por volta das quatro da manhã e acertámos a chegada a Paris mesmo com a hora de ponta, com o sono a escorrer-nos nos olhos, o que me custou especialmente a mim, que me calhou a sorte de atravessar Paris a conduzir até chegar ao hotel marcado no dia anterior, que, digamos, não era exactamente no centro de Paris, mas numa estação de serviço numa auto-estrada lá por perto; é o que dá marcar coisas à última hora (quem conhecer as estações de serviço francesas há-de saber que a coisa não é tão escabrosa como possa parecer; poucos hotéis haverá em Portugal tão bem integrados num jardim maravilhoso como aquele hotelito de estação de serviço).
Portanto, lá fomos nós passear por Paris, e eu com o livro. Fomos encontrar-nos com um amigo do meu irmão para jantar em Montmartre, num restaurante de comida típica do sul de França, onde comi a melhor salada da minha vida, e eu com o livro (que tentei não sujar de salada). Subimos a Montmartre, e livro na mão — e vi-me a intercalar a leitura desta "comédia humana" parisiense com as vistas da própria cidade, ao entardecer.
Vista de Paris de Montmartre, Vincent van Gogh
Passeámos por Paris, de noite, de dia, por metro, durante uns dois dias inesquecíveis. E foram inesquecíveis também porque fomos à Eurodisney e eu tinha aquele livro na mão...
Ora bem. Eu sei que o Louvre e tudo o resto é um milhão de vezes mais significativo do que a Eurodisney. Mas isto merece ser contado. Como vos disse anteriormente, tínhamos ido a Paris quando eu tinha 16 anos. Fomos, também nessa altura, à Eurodisney. Foi um espanto. Fiquei maravilhado com aquilo. Mas entre 1996 e 2011 muita coisa aconteceu, incluindo a passagem dum século e metade da minha vida até então (em 1996, nunca tinha ido à Fnac; não sabia para que faculdade iria estudar; pensava que ia estudar história, quando terminei noutras lides; o bairro onde vivo não existia; etc.). E, o que na altura foi um espanto, algo que nunca víramos, era agora uma série de filas intermináveis (férias da Páscoa, meus senhores!) para ver uma espécie de carrinhos de choque da Disney ou algo do género. Por exemplo, em 1996, achei os Piratas das Caraíbas uma coisa do outro mundo. Parecia mesmo que estávamos nas Caraíbas, à noite, quando lá fora ainda era dia. Agora, achei a coisa fraquinha, principalmente depois de passar duas horas numa bicha. Outro exemplo: a Casa Assombrada fez-me medo em 1996 e fez-me rir em 2011. Estão a ver a ideia...
Mas pronto, deu para estarmos todos, a falar como qualquer português, a discutir como qualquer família em viagem, e a ler, como qualquer família com um bibliólico no seu seio.
E, claro, no meio de milhares e milhares de turistas em filas absurdas, fui lendo o livro inglês sobre Paris, uma coisa magnífica como nunca pensei encontrar num livro sobre uma cidade.
Começa com um jovem que descobre algumas verdades sobre a vida no Palais-Royal, às mãos duma prostituta, que nunca adivinharia que estava a mostrar o mundo ao futuro imperador dos franceses. Continua com a história da rua que se afundou nas profundezas de Paris e do homem que salvou a cidade de implodir. Há rainhas perdidas pelas ruas em tempos de revolução, pedras da calçada que são parte da história, as primeiras fotografias da cidade, que nos transportam para um amanhecer do século XIX, grandes engarrafamentos de dois ou três carros num boulevard, e muito mais. Temos Marcel Proust no o metro, Sarkozy nos subúrbios, de Gaulle a escapar a assassinos, o TGV e muito mais que não cabe num resumo perdido num humilde blog de livros em Portugal — é um livro de história, ou de viagens, ou sobre pessoas, um livro de "não ficção" que usa todos os recursos da ficção, para nos prender a uma cidade sem percebermos bem como.
Este livro surpreendeu-me e deixou-me apaixonado por uma Paris que encontrei numa livraria de Cambridge, lida em inglês. Isto das purezas culturo-linguísticas nunca foi para mim...
Portanto, em comparação à viagem de há quase vinte anos, nesta outra viagem, Paris teve outro sabor, não só porque tinham passado tantos anos, mas porque nós éramos outras pessoas, e, no meu caso, porque tinha aquele livro na mão — e também, já agora, porque levava a minha mulher comigo, e Paris em casal (mesmo com a família em redor) é muito diferente do que Paris vista por um adolescente solitário (mesmo com a família em redor). Ou seja, nesta Eurodisney do século XXI, já com sabor de coisa velha, enquanto famílias e famílias continuavam parados numa fila interminável, eu passeava por Paris, entre várias épocas, visitando Paris como nunca o poderia fazer passeando pelas próprias ruas.
Meus amigos que dizem que gostam mais de viver do que de ler — vejam lá se compreendem isto duma vez por todas: quem anda sempre com um livro atrás vive mais, porque preenche esses vazios que encontramos todos os dias com mais vida, mais ruas, mais histórias, mais pessoas. Não sei se os livros nos fazem viver melhor; mas fazem-nos, certamente, viver mais.
O meu irmão e a minha cunhada voltaram para Cambridge e nós seguimos para sul. Esse foi o momento mais complicado. Muitas pessoas choram essas separações regulares nos aeroportos. Nesse dia, foi num bairro indistinto das franjas de Paris, perto do metro (o metro mais perto do hotel), onde os deixámos, para seguirem até à estação de comboio e partir para Inglaterra. Talvez aquela rua nunca tenha visto uma cena dessas: uma família portuguesa a despedir-se num "até à próxima" que cada vez mais portugueses sabem quanto custa. Mas, pronto, Paris sempre foi muito portuguesa e também sempre foi um pouco da nossa família. Limpas as lágrimas, lá seguimos, para os nossos respectivos países, uma família portuguesa, com certeza.
Sim, confesso: às vezes peço à minha mulher para levar o livro que estou a ler na mala dela quando saímos de casa. E confesso também que raramente saio de casa sem um (ou mais) livros. Assola-me o terror de ficar mais do que cinco minutos parado, à espera de alguém ou numa fila ou em qualquer sítio aborrecido e encontrar-me sem livros — perdendo assim esses cinco minutos de leitura. Sim, isto é uma doença grave.
Mas, dizia eu, peço muitas vezes à ----- para me levar um livro na mala. E ela aceita, quase sempre. Afinal, conhece bem o bicho com quem casou.
Aceita quase sempre.
Quando lhe aparece um calhamaço destes à frente, a coisa pia mais fino:
(Ainda por cima em francês, que é língua que ela não gosta nem para carregar na mala.)
Isto explica que haja livros que leio de forma muito vagarosa, mesmo que tenha vontade de os ler a todo o momento. E este é um caso desses. Tanto assim é que, mesmo depois de ter comprado o dito calhamaço, procurei afincadamente a versão electrónica, pela qual pagaria, se a encontrasse. Mas presumo que o autor seja um ebookofóbico — e se o autor não autoriza, quem sou eu para descarregar uma qualquer versão electrónica dum livro?
E assim se percebe porque que estou ainda no início deste romance policial (La Verité sur l'Affaire Henry Quebert), cujo narrador é um jovem escritor americano, que se vê envolvido num caso de polícia, porque o seu melhor amigo, um escritor consagrado, se vê acusado de assassinar uma menor, 30 anos antes — isto quando o corpo da rapariga é encontrado no quintal do acusado, com o manuscrito da sua obra-prima entre os ossos.
Policial, livros, editores, manuscritos, amores proibidos... Tem tudo para ser um vício para um livrólico como eu. (Ou será bibliólico? Ou anglosaxonicamente bookalólico?)
E, sim, armado aos cágados, estou a ler em francês. Há uma tradução em português, mas gosto de, por vezes, treinar o músculo do francês — e, por alguma razão, não me custa nada ler policiais nessa língua (por intercessão de São Simenon, talvez).
Curiosamente, acabo por ter um certo prazer perverso em ler livros franceses com alguma relação com os EUA. É uma perversão intelectual minha, se quiserem. Estes dois povos, parte do trio fundador da democracia como a conhecemos hoje, gostam tanto um do outro como os portugueses gostam dos míticos castelhanos de Aljubarrota. E, no entanto, a relação franco-americana parece ser uma relação de amor-ódio ou talvez de ex-namorados… Afinal, se bem se lembram, no começo de vida dos Estados Unidos, a França era a namoradinha e o Reino Unido era o mau da fita. A França, qual amante enlevada, mandava estátuas da liberdade… Hoje, os franceses acham os americanos a origem de todo o mal cultural e político, uns parolos optimistas que andam aos tiros pelo mundo fora, num massacre cultural chamado de “mondalisation”, enquanto os americanos acham os franceses uns cobardes armados ao intelectual (1), fechados numa cultura decadente e imoral. Ai, que isto são dois simplismos. Mas não somos todos simplistas ao extremo ao olhar para os povos que consideramos estrangeiros?
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Alto e pára o baile. Reparo agora que este último parágrafo se baseia num erro de palmatória. Afinal, o autor do romance acima fotografado com amor e carinho não é francês. É suiço. Caraças, o parágrafo estava tão giro, o homem tinha mesmo de ter a nacionalidade errada. Portanto, agora posso apagar o parágrafo, ou continuar para bingo como se nada fosse.
Ponho o parágrafo em itálico e adiante.
Continuemos, pois. Outro livro em francês sobre os EUA que li há uns tempos (confesso: não o li na totalidade, nem sei se cheguei a metade, mas não interessa) é American Vertigo, de BHL:
Sobre este, não vou dizer grande coisa para já. Pode ser que volte um dia, quando já tiver dado outras voltas aqui às minhas estantes e tiver tempo de o ler até ao fim. O que me apetece dizer agora é que estes livros são interessantes e fazem-nos cócegas no cérebro porque nos dão cabo de dois preconceitos. Por um lado, estes franceses parecem compreender a América melhor do que muitos americanos (o que parece ser uma tradição antiga). Assim, ficamos a perceber que os franceses não são todos anti-americanos primários. E, olhando para a América com olhos franceses, lá vemos vendo que a América não é o que anti-americanismo caseiro também acha que é.
A leitura quebra-nos preconceitos e tal: também é para isso que serve...
Todo este arrazoado fez-me lembrar Paris e um livro que folhei num quarto dum primo francês (que nunca vi) nos idos de 1996... Primo francês esse que nunca conheci. O que estava eu a fazer no quarto dum primo francês que nunca vi na vida? Não perca o próximo episódio...
(continua...)
(Fonte aqui.)
(1) Já agora, este artigo do The Economist sobre o pessimismo francês é muito interessante.
A segunda parte deste post está aqui:
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