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Este post sobre Os Lusíadas lembra-me uma viagem que fiz há muitos anos.

 

À Índia?

 

Nem por isso. A Andorra…

 

Foi em 1993, tinha eu 12 anos. Os meus pais juntaram-se a um casal amigo e lá fomos. Há que dizer que os meus pais tinham, na altura, três filhos (agora têm quatro) e o casal amigo tinha dois filhos. Portanto, éramos…

 

(Deixem ver.)

 

(Ai, que esta gente dos livros não sabe contar.)

 

Éramos 9!

 

Numa carrinha de 9 lugares, sem ar condicionado.

 

Carrinha na qual atravessámos a Península Ibérica em pleno Agosto.

 

Já vos tinha dito que a carrinha não tinha ar condicionado?

 

Pois, exacto.

 

Acho que nem antes nem depois bebi tanta água como naqueles dias.

 

Pois bem, lá fomos. Seguimos até Andorra, o que foi uma aventura e tanto. Lembro-me de parar a meio e ficar a olhar para as estrelas. Afinal, no percurso que fizemos há pedaços de deserto sem nenhuma cidade há volta, onde podemos ver muito mais estrelas do que em Lisboa ou na pequena cidade onde vivíamos.

 

Por essa altura, também começava a minha mania de gostar de ir vendo as placas da estrada espanholas. Porquê? Por duas razões: porque são ligeiramente diferentes das placas portuguesas: e isso parecia-me curioso. Depois, porque iam dizendo as várias províncias e as várias comunidades autónomas por onde passávamos. Parecia um jogo: entrámos na Extremadura; agora Castela-La Mancha; agora Madrid; agora Aragão… E por aí fora.

 

Visitámos Madrid durante duas horas, às três da manhã e vimo-nos aflitos para sair. Mas lá saímos e seguimos por essa Ibéria fora, em direcção ao pequeno principado pirenaico…

 

(Continua…)

 

Cenas dos próximos capítulos: um país a brincar, como ver televisão em Andorra pode mudar a nossa vida para sempre, o que contava a minha avó sobre quando foi a Andorra há muitos anos, o que nos aconteceu em Barcelona enquanto estávamos pendurados no teleférico e, last but not the least, o que raios tem isto a ver com os Lusíadas.

 

 

http://en.wikipedia.org/wiki/File:Caldea.jpg

publicado às 09:33

Já aqui falei da forma como os livros nos transportam bem atrás no tempo, para quando os lemos pela primeira vez, ou quando os comprámos, folheámos, etc. Pois este livro transporta-me para uns bons 30 anos atrás...


Esta é uma edição d’Os Lusíadas que a minha mãe tem em casa desde de que nasci. Uma edição do Círculo de Leitores, de 1972, com introdução de Hernâni Cidade. 

Esta é a minha edição d’Os Lusíadas. Cresci com ela. Folheei o livro, tentei ler (cedo de mais), e cedo me deu a vontade de escrever armado em Luís Vaz. Aqui está a prova do crime:

 



Isto quando tinha uns 4 ou 5 anos. Tenho memórias muito antigas, de estar a escrevinhar no livro, com os móveis da casa dos meus pais dessa altura à minha volta, talvez de língua entre os lábios, embrenhado nesta minha obra.

Anos depois, comecei a procurar o famoso Canto IX. As figuras eram lindas:

 

 

Já agora, fiquem com estes dois pormenores. O texto da Inquisição...

 

 

... e as duas primeiras estrofes, que aparecem limpas, sem a parvoíce de algumas edições escolares, que colocam em itálico as palavras que contêm aquilo que as normas actuais considerariam erros.

 

Enfim, lembro-me também de perguntar à minha mãe o que era aquele livro e de ela me explicar que era um grande poema que contava os feitos dos Portugueses nos descobrimentos e, pelo meio, a história do país desde a fundação... 

Sobre isso, haveria de ouvir falar muito, claro, mas o encanto desta edição nunca desapareceu, mesmo nas alturas mais escuras de esquemas e planos da viagem e da história e não sei que mais. Para mim, era uma história, acima de tudo, de aventuras (obviamente), de barcos que se faziam à água à procura de mostrengos que estão no fim do mar (sim, eu sei, isso já são outras mensagens).

publicado às 13:40


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