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Ora, não sei se já vos disse, mas éramos quatro lá em casa. É normal, portanto, que os meus pais, entretidos a dar aulas (a minha mãe) e a vender electrodomésticos (o meu pai) precisassem de ajuda — quando era só eu, nos inícios muito longuínquos dos anos 80, ainda o meu pai me podia levar na carrinha das entregas, mas quatro miúdos já não dá... A certa altura, portanto, os meus pais arranjaram ajuda — e a senhora que ia lá a casa todos os dias tomar conta de nós tornou-se minha amiga, isto porque o termo "senhora" não fazia juz à sua juventude — e ainda por cima ela adorava livros. 

 

Pois bem, lá por volta de 1997, já eu andava no secundário prestes a ir para Lisboa, ela fez uma viagem a Nova Iorque, onde eu ainda não sonhava poder ir. Trouxe de lá uma prenda em forma de livro e ainda folhetos a monte, que era coisa de que eu gostava, porque sempre fui esquisito (pelo menos, admito). O livro que ela trouxe foi este:

 

 

E o folheto que usei como marcador foi este:

 

 

Entretanto, este World Trade Center já não existe — não sei se repararam.

 

Pois bem, comecei a ler o livro, apesar de o meu inglês da altura ainda não ser o suficiente para o ler escorreitamente. Mas isso nunca me impediu e ainda hoje acho que não ter medo de ler mesmo sem perceber várias palavras foi a melhor forma de aprender a ler — em qualquer língua.

 

O livro é o relato duma viagem de Mark Twain à Europa e ao Médio Oriente — ao Velho Mundo, portanto. Não vou estar para aqui a falar do livro muito tempo, mas gostava de vos partilhar um extracto, quase no início, sobre o momento em que Mark Twain conhece esse povo exótico: os Portugueses.

 

 

A coisa não fica por aqui...

 

 

 

Não é todos os dias que nos vemos tratados como "vermin". No fundo, somos uma praga à face da terra. Que simpático.

 

Isto é muito politicamente incorrecto e todos nós até gostamos de ser politicamente incorrectos, mas é chato quando somos nós o alvo da incorrecção (digamos assim). 

 

Não se chateiem muito com o Sr. Twain. Ele é um génio, não tinha papas na língua — e nunca disse que acertava em todas. 

 

E, depois, não disse pior do que muitos portugueses dizem dos Portugueses — certo?

(Por amor de Deus, não digam a ninguém, mas voltei ao local do crime e comprei mais livros de contos: a Munro que tinha deixado para trás enquanto o meu filho escolhia o J. Rentes de Carvalho e o Mark Twain.

 

Já agora, o J. Rentes de Carvalho é mesmo muito bom. Era só para avisar.)

 

publicado às 18:40


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