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A primeira é a incontornável Lello, no Porto. Deixo-vos com um panorama a 360º. 

 

Fonte: http://www.360portugal.com/Distritos.QTVR/Porto.VR/vilas.cidades/Porto/a5_lello.html

 


 

A outra é mais vagarosa, ali para os lados de Alcântara, a Ler Devagar:

 

Fonte: http://pocketcultures.com/2013/02/06/lx-factory-in-lisbon/

publicado às 11:12

Ora, eu não devia... Mas lá acabei por ir parar de novo à Fnac, quando ainda na quinta lá estive.

Fomos ter com uma amiga nossa, que andava com fome de livraria, ao Colombo. 

Assim, lá fomos para a livraria cujo nome não vou repetir. Entre livros e livros, fomos passeando, entre uma enchente de sábado à noite — e o meu filho no carrinho, a olhar para tudo e a tentar perceber onde tinha ido a mãe — que saiu por uns minutos para comprar uma prenda para para o meu filho dar a uma amiga que faz anos hoje (começa cedo a vida social dos putos de hoje em dia, ou é impressão minha?).

Mas, enfim, o miúdo já está habituado a esta história de livros e livros, e por isso ficou calmo.

Entretanto, como acontece quase sempre nas livrarias, lá fomos deambulando e de repente estava sozinho com com o meu filho, a olhar para livros, de cabeça na diagonal, primeiro para um lado, depois para outro.

Como já tinha levado quatro livritos ainda na quinta e queria ver se diminuía a lista de livros por ler em cima da mesa-de-cabeceira, pensei no seguinte: vou mas é olhar para os contos, que sempre dá para ler qualquer coisa com princípio meio e fim em pouco tempo.

E assim peguei na Alice Munro e nos lindos braços da Júlia da Farmácia, dum autor que eu já devia ter lido há muito mais tempo… Ainda a deambular um pouco mais e acabei com um livro estranho, sobre a forma como as redes e tudo isso estão a tornar o mundo cada vez mais perfeito (Future Perfect). Coisa muito politicamente correcta, como estão a ver.

Ora, entretanto, já com três livros na mão, cada um deles não propriamente barato, comecei a procurar a minha amiga, que andava perdida por secções mais interessantes do que as minhas, quando o Simão (posso dizer o nome, não posso?) desata num berreiro desgraçado, porque já está farto de estar ali sem fazer nada.

Chucha? Berreiro.

Abanar o carro? Berreiro.

Telemóvel? Berreiro. (E bendita alcatifa dos livreiros franceses, que me salvou o dito quando o Simão decidiu atirá-lo ao chão, em fúria.)

Pois, tinha de ser: dei-lhe os lindos braços da Júlia e ele acalmou-se, desatou a rir e a folhear o livro, entretido com aquelas letras todas. É isso, ou já sabe ler e eu não percebi. Tem 15 meses, às vezes há fenómenos desses.

Adiante. Entretanto a minha mulher chegou, ele estava em paz a folhear o livro (agora tinha mesmo de o levar, pois os senhores funcionários da livraria-cujo-nome-não-vou-repetir não gostarão muito de ver os livros que vendem a servir de brinquedo, atirados ao chão de vez em quando, dobrados outras vezes). 

Enfim, os livros são o que são, mas também custam o que custam, e tive de escolher um. É melhor assim. Resultado: vai mesmo o J. Rentes de Carvalho, que os outros ficam para depois, com ou sem Nobel, com ou sem teorias optimistas.

Foi desculpa para dar mais um volta, para devolver os ditos cujos ao sítio donde os tirei, porque não basta levar um bebé para a livraria, não quero ser acusado de desarrumar as prateleiras…

E assim tenho esta preciosidade entre mãos, e estou a ver pela pequena amostra do que li ainda há pouco, logo depois de acordar, que este vai ser autor para muitas e boas horas de leitura:

 

(A imagem fui buscar aqui, a um blog que tem uma especial devoção por este autor.)

 

Ora, esta sugestão do Sapo é muito curiosa, mas como estou no escritório e não em casa e apetece-me responder agora, que é hora de almoço (para quê comer, quando se pode blogar?), envio uma fotografia de livros de mesa de... escritório.

 

Então, aqui na minha secretária na empresa onde trabalho, tenho estes dois livros:

 

 

Ora, o que está por baixo é a The Cambridge Encyclopedia of Language, de David Crystal. Mandei-o vir da Amazon há uns tempos, e lá vou folheando e consultando. É sempre um bom passatempo. Para quem gosta de línguas e linguagem, é magnífico. Se quer saber porque existem tantas línguas, o que são famílias de línguas, o que quer dizer uma "norma", por que razão as pessoas falam de forma tão diferente de região para região, por que razão não se pode dizer que haja línguas melhores ou piores que outras, etc. — este livro ajuda a responder a (quase) tudo. O autor é um linguista inglês cujas obras são conhecidas por serem divertidas, o que poucos associam à linguística.

 

Já o segundo... Ora bem, confesso a minha ignorância, mas não conhecia a autora (Anna Banti) até um dia ter recebido uma encomenda da Amazon com este livro. Que nunca tinha encomendado.

 

Exacto, a Amazon mandou-me um livro que não encomendei.

 

Depois percebi que veio em substituição duma outra encomenda que tinha feito, e que não chegou. Depois de reclamar, lá me enviaram a encomenda original — e acabei por ficar com este também, por oferta generosa.

 

Posso dizer, a bem da verdade, que de todas as encomendas que fiz na Amazon — e já foram muitas —, esta foi a única falha. E sempre fiquei com um livro a mais...

 

(Hei-de vos contar um dia como foi a minha primeira encomenda na Amazon. Foi uma encomenda feita a 0 euros!... Ah, pois é...)

 

O rato por cima da enciclopédia é só para disfarçar...

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Sei que há gente que se recusa a comprar livros em hipermercados e outros que tais, e talvez até tenham razões ideológico-económicas de monta, mas mesmo num sítio onde se vende carne ao lado não resisto a ver livros e a comprá-los. O meu vício não é propriamente um vício fino e livros são coisas para usar e abusar. Isto aplica-se principalmente quando estou numa terra sem livrarias ou com livrarias que no fundo são papelarias. A culpa não é das terras, diga-se! É da falta de quantidade de pessoas (e não de qualidade...).

 

Ora, lá estive eu no hipermercado que mais irrita os bibliófilos portugueses — e lá encontrei e comprei três livros, por razões diferentes:

 

- Ontem Não Te Vi Em Babilónia, de António Lobo Antunes, que estava numa promoção violenta, com um preço abaixo dos 5 euros.

 

- O Bobo, de Alexandre Herculano, que vai merecer um post só para ele. É o meu terceiro exemplar do romance, o que merece justificação, nem que seja à minha mulher, mais uma vez. Livros repetidos são um crime!

 

- Pantaleão e as Visitadoras, de Mario Vargas Llosa. Este, dos três, é o que me apetece ler agora. Mas já começa a ser complicado, porque estou a ler mais livros do que tenho dedos na mão.

 

Vou ter de pôr ordem nisto. Vou ter de me concentrar num livro de cada vez.

 

Vá, em dois.

 

Três, no máximo.

 

Pronto, está decidido.

 

Vou ler:

 

- The Wilt Alternative

- Pantaleão e as Visitadoras

- The Revenge of Geography

 

(Vou pôr o meu querido Sagan de molho, que ele ocupa-me o entusiasmo todo. Mas hei-de chegar lá. E o 1984 fica logo a seguir.)

 

Digo-vos depois o que achei, se quiserem...

Hoje fui à Bertrand dum centro comercial qualquer. A Bertrand é uma rede de livrarias simpática, mas, enfim, para mim tem um defeito grande: a secção de livros estrangeiros parece uma daquelas estantes nos hotéis com livros muito usados e muito maus para os clientes estrangeiros poderem pegar, ler à beira da piscina e voltar a pôr no sítio (e os estrangeiros, claro, fazem isso mesmo). 

Ia com o meu filho e, curiosamente, foi a mesma Bertrand onde há uns meses encontrei uma galdéria que me deu uns bons meses de diversão e um livro num passatempo do Sapo (quem só agora encontrou este blog, peço encarecidamente que siga o link, para não ficar a achar o pior aqui do vosso blogueiro).

 

Desta vez, ia com o carrinho de bebé à frente e acabei por não conseguir ver nada, porque o S., normalmente muito bem comportado, decidiu começar num berreiro, que talvez tivesse a ver com o facto de não lhe ter dado um livro para a mão. Mas não podia... Só faria uma coisa dessas se fosse comprar o livro, e hoje não queria comprar nada. 

Portanto, entrei e sai com o miúdo aos berros. Mas, como era a mesma loja da tal galdéria, pus-me a matutar no blog. É coisa que, agora que ando nestas más vidas, me acontece às vezes. Resultado, lembrei-me dum episódio de há alguns anos, na Bertrand do Vasco da Gama, quando ainda não havia Fnac e a Bertrand ficava onde é hoje o Gato Preto. Fui a essa Bertrand tantas vezes que me lembro da disposição da loja como se ainda existisse...

Pois, estava eu a folhear livros quando entra uma rapariga com um rapaz atrás, que diz alto e bom som: "não me faças vir aqui, que eu nem com o cheiro posso!"

Que cheiro era esse? O dos livros, claro. O rapaz não podia nem com o cheiro desses objectos maléficos.

 

Olhei para cima por reflexo para ver o casal. Ela gostaria alguma coisa de livros, para arrastar o namorado até ali, e tinha aquele ar paciente de quem não era a primeira vez que passava por aquela vergonha. O rapaz parecia perfeitamente normal, mas bastante divertido em ser um blasfemo naquele tempo da livralhada. Sorri. Ali estavam duas personagens dum romance qualquer: "O Rapaz que não gostava de livros" ou algo assim... Seria uma vingança simpática: "Ai não gostas do cheiro? Então vou-te enfiar num livro que até andas de roda." Claro que não tinha nem tempo nem talento para tal empreendimento, mas a ideia fez-me, de facto sorrir.

 

Imaginei as cenas complicadas com inúmeros professores de português a tentarem enfiar literatura naquela cabeça. Imaginei discussões com a namorada, a tentar chantangeá-lo para que ele lesse o que é bom. Imaginei enredos de comédia romântica, com encantos e desencantos, tudo regado com boa literatura. Enfim, estive ali a delirar um bocado. 

 

Olhei em redor. Não tinha sido o único a ouvir o dislate. Algumas pessoas folheavam livros, passavam os dedos pelas lombadas, estavam com aquela cara série de devotos, e viam-se os lábios mordidos, os olhos com um brilho de horror, uma tremideira nos dedos, como se estivessem a conter um gesto obsceno.

 

Vou ter de fazer uma confissão muito séria para um gajo com pretensões a ter um blog de livros: naquele momento achei o rapaz mais simpático do que aquelas pessoas um pouco atrapalhadas, a murmurarem uns quantos insultos àquela gentinha que não gosta de ler.

 

Porque, meus amigos, isto dos livros não é para nos andar a separar entre os bons e os maus. É para muita coisa, mas não devia ser para isso. Os rituais próprios da literarice, os lançamentos, a seriedade com que andamos a ouvir os escritores, quais sacerdotes, a forma muito triste como a nossa gente (a dos livros) fala do mundo como se o mundo fosse algo porco de que nos devíamos separar, porque o nosso reino não é, lá está, deste mundo — tudo isso faz muito pior à literatura do que o alegre rapaz que entra por uma livraria a dentro a declarar que nem do cheiro dos livros gosta.

 

Porque gosto demasiado de livros para andar a venerá-los. 

 

Não sei se fui claro. Seja como for, o rapaz merecia, de facto, o supremo castigo de ser enfiado num livro, como personagem. Tenho dito. Alguém que com engenho e arte faça o favor de me arranjar essa vingança, que agora não tenho tempo.

 


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