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Quem foi o primeiro falante de português? Qual era a língua de D. Afonso Henriques? Como seria o sotaque de Luís de Camões? Qual terá sido o primeiro livro impresso em Portugal? Como seria a voz de Eça de Queirós?
Algumas destas perguntas não têm resposta, mas foi a partir delas que me pus a escrever a história secreta da nossa língua. O livro é um convite aos leitores para usar a imaginação, numa viagem pelas origens da nossa língua.
Pelo caminho, encontramos algumas surpresas e muitas aventuras: um rei aos murros numa estalagem do Porto, Gil Vicente a perseguir um frade pelas ruas de Lisboa, uma lisboeta que colecciona livros perigosos, Camões atrás duma dama da corte, um brasileiro que perde a família e a língua e vagueia pelo mundo...
O lançamento d'A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa será na próxima quarta-feira, na Bertrand de Picoas, às 18h30. O evento está no Facebook. A campanha de pré-lançamento acaba esta semana. Assim, se quiser aproveitar o preço especial de 11,55 euros (com portes de envio gratuitos), faça a encomenda no formulário abaixo. Em breve, receberá os dados para pagamento e o livro por correio. Espero que goste!
Já vos disse aqui que as outras línguas ibéricas são, para mim, um estranho prazer — uma espécie de línguas secretas que nem todos vêem. Ora, os prazeres são para partilhar e, depois de alguns dias em terras catalãs, lembrei-me de vos trazer cinco palavras que me fazem cócegas nessa língua do outro lado da península.
Dizer «bona nit!» é simpático, mas para um português o estranho é ouvir um «bon dia» assim de chofre, sem nada que desmanche a ilusão que estamos a ouvir a nossa língua. Não estamos. Mas, durante aqueles segundos, parece.
Bem, avancemos então no dia. «Boa tarde» é «bona tarda». E, depois, a noite… A palavra «nit» é intrigante. Sim, estamos a caminhar até à «nuit» francesa, mas não temos nenhum «u» e estamos longe da «noite» portuguesa ou da «noche» castelhana, sempre com o «O» a lembrar-nos uma certa escuridão.
Sim, isto sou eu a delirar. A escuridão da noite não está nas palavras e sim no céu, mas o que querem? Quando oiço «nit» lembro-me de duas coisas: dum qualquer grito de alegria nocturna e ainda duns certos cavaleiros ingleses que gritavam «NIIII!».
Não sei se me soa a Terra Média («e os cavaleiros puseram-se a caminho em direção às negras terras de Tardor») ou a qualquer coisa de tardio, ainda um pouco quente — ou talvez me soe ao aspecto ardido das folhas castanhas no chão. Não faço ideia, mas sei que soa bem. É «outono» em catalão, mas lembra-me também o entardecer e uma certa mansidão. As outras línguas são assim: às vezes põem-nos a ver as coisas pela primeira vez.
Esta é uma estranha palavra que tanto quer dizer «cabeça», como «chefe» e ainda «cabo», «nenhum» — ou «em direcção a». E olhem que não fica por aqui.
Ou seja, «cap al cap» será «em direcção ao cabo». «No tinc cap pressa» é «não tenho nenhuma pressa». «El cap del meu cap» — «a cabeça do meu chefe». Uma palavra bem cheia… (E espero não ter metido os pés pelas mãos com o atrevimento de escrever umas frases em catalão.)
Como nós, que temos sempre a saudade na boca quando nos falam do que é ser português, também os catalães tentam definir o seu carácter com uma ou duas palavras. Neste caso, duas: «seny» (bom senso) e «rauxa» (loucura) — uma estranha mistura que há uns anos li descrita (não sei bem onde) como alguém a tratar de negócios à varanda do hotel, mas todo nu. E se calhar com um bigode à Dali. Como sempre, estas caracterizações nacionais são perigosas, redutoras, ilusórias — o que quiserem. Mas aqui fica a tal «seny» nem que seja para vos dizer que o «ny» se lê «nh». Sim, em catalão, Catalunha escreve-se «Catalunya».
Não me consegui ficar pelas cinco… Não sei porquê, mas acho a expressão «una mica» muito engraçada (quer dizer «um pouco»). Também acho curiosa a palavra «dona» (mulher) ou «germà» (irmão) ou «manjar» (comer) ou «parlar» (falar). E estranho, estranho é dizer «diner» para o «almoço». Já o jantar é «sopar». E o pequeno-almoço? «Esmorzar». Depois, temos ainda isto: «dona» no plural dá «dones» (mas o «e» lê-se quase como o nosso «a»). «Irmã» é «germana» e, assim, irmãs são «germanes». Ah, e «primo» é «cosí».
Para terminar, fiquem com a palavra «novel·la» (romance). Tem aquele símbolo estranho, exclusivamente catalão: assinala que os dois LL não se devem ler como o nosso «lh», mas antes como dois LL separados, um em cada sílaba. «Una novel·la excel·lent» é, por exemplo, La plaça del diamant, de Mercè Rodoreda (notem o «ç», que também existem em catalão).
Experimentem lê-la. Devagar, com a língua entre os dentes e o dedo a acompanhar as palavras, podemos ir aprendendo esta outra língua que nos faz cócegas, ao mesmo tempo tão próxima e tão distante.
Fins demà!
As notícias sobre a recomendação de Guterres como novo secretário-geral das Nações Unidas foram muitas e em várias línguas. Encontrei um curioso texto no El País («Otro triunfo de la diplomacia portuguesa») em que a competência dos diplomatas portugueses é elogiada de tal maneira que, na pena dum português, seria um texto constrangedor.
Um dos parágrafos pareceu-me muito curioso (o negrito é meu):
Pero hay otra cualidad, no menor, que permite a este pequeño país distinguirse en el mundo: su educación lingüística. No hay dirigente portugués que no hable inglés y español, por lo menos. El citado Barroso, como Guterres o como los actuales dirigente del país, el presidente Rebelo de Sousa y el primer ministro Costa, se mueven con total comodidad en los escenarios internacionales gracias a su don de lenguas. No necesitan intérpretes para hablar con Merkel, Hollande o Teresa May. En seis meses, Rebelo de Sousa ha departido cara a cara con más dirigentes internacionales que Rajoy y Zapatero juntos en sus años de Gobierno. Esa cercanía, esa afabilidad con todos, sin prepotencias y sin menosprecios, al final acaba dando sus frutos.
Parece-me haver aqui uma generalização que, lá por nos ser muito simpática, não devemos encarar sem algum cepticismo. Mas vamos assumir que sim, que os portugueses têm um à-vontade com as línguas em grau muito superior aos espanhóis. Tenho uma ideia, não mais do que uma teoria malpensada, que me leva a sugerir isto: os espanhóis exageram na importância diplomática que dão à sua língua. Sim, o espanhol é falado em muitos países, é uma língua muito importante nos E.U.A., é a segunda (ou talvez a primeira) língua europeia mais falada no mundo. Tudo isso é verdade, mas não se traduz em importância diplomática. E para mudar isso há que saber falar outras línguas…
Nós por cá também gostamos de ir atrás de declarações sobranceiras sobre a importância da língua, como sabemos. Mas também é verdade que a nenhum líder português lhe passa pela cabeça exigir aos outros líderes mundiais que saibam português. Ficamos contentes se souberem alguma coisa, mas não achamos que é sua obrigação. Ora, talvez se dê o caso de muitos líderes espanhóis, embebedados pelo discurso superlativo com que falam sempre da sua língua, estejam mesmo convencidos que os outros líderes mundiais têm de saber espanhol.
Bem, e será que deviam saber? Como sempre digo, isto de aprender línguas, ainda por cima uma língua como o espanhol, só faz é bem. Mas a realidade, para já, é esta: o inglês e o francês são as línguas da diplomacia. A força do número de falantes de cada língua conta muito menos do que se pensa. Assim, o político ou diplomata espanhol que não saiba falar bem outras línguas nos corredores da política internacional acaba por ter mais dificuldades em defender o seu país. É caso para dizer: será que defende mais o seu país quem inventa um mundo inexistente em que a sua língua é muito mais importante do que é na realidade — ou aquele que sabe mover-se no mundo de hoje, talvez semeando alguma coisa do mundo que gostava de ter?
Enfim, é uma reflexão perigosa, porque começa numa generalização, passa por uma teoria muito minha e talvez acabe muito longe da realidade. Mas se houver algum fundo de verdade nisto tudo que acabei de escrever, também pode explicar a confusão que muitos espanhóis sentem perante a defesa por parte de alguns dos seus concidadãos das línguas minoritárias de Espanha. Então mas por que razão não querem falar uma das línguas mais importantes do mundo? A verdade é que querem sim senhor: falam espanhol e também a sua língua. E por vezes ainda o inglês, o francês, etc. Surpresa, surpresa: saber uma só língua não é uma vantagem em sítio nenhum do mundo. Um galego que saiba espanhol e galego já vai um passo à frente…
Bem, dito tudo isto, tenho de afirmar o óbvio: o espanhol é uma língua importantíssima e, para vos dizer a verdade, uma das minhas paixões neste mundo das línguas e das culturas. E também admito: se acima me queixo da forma como muitos espanhóis imaginam uma importância diplomática que a sua língua não tem, também me custa ver como tantos fora de Espanha desvalorizam essa mesmo língua. Basta pensar nos E.U.A., onde a segunda língua do país é vista por muitos como uma língua estrangeira, alimentando discursos xenófobos sob a capa do patriotismo americano. E basta pensar na recusa de muitos portugueses em saber mais sobre a língua e a literatura dos vizinhos, para lá do portunhol de praia. Temos tanta e tão boa literatura aqui ao lado e não queremos saber…
Mas este texto vai neste sentido: a convicção legítima da importância da sua língua não deve servir para encerrar os falantes de espanhol num triste mundo monolingue. Na diplomacia, por exemplo, isso dá mau resultado, como reconhece o El País. E não é só na diplomacia: na vida do dia-a-dia, na literatura, na cultura, no comércio…
E fica aqui uma pista para outro dia: os ingleses e os americanos são outros dos povos que sofrem deste triste monolinguismo, uma espécie de preço a pagar pela importância internacional da sua língua…
Este problema nós por cá não temos — isto, claro, segundo o El País. Agora também não quer dizer que não tenhamos muito a aprender no que toca às línguas. Oh, se temos!
O meu irmão Diogo já me avisou que eu uso demasiado a palavra «delicioso». Quando ele me disse isso, não acreditei. Mas, depois, fiz uma procura no blogue e sairam-me três páginas de artigos onde uso a palavra. Raios.
Bem, hoje lembrei-me novamente da palavra «delicioso» ao ouvir uma alemã a falar português.
Deixem-me lá contar: hoje estive na conferência «30 anos de Português na UE», no Museu do Oriente, organizada pelas instituições europeias.
Pois, a certa altura uma funcionária alemã (cujo nome não consegui registar a tempo) decidiu contar as suas aventuras na língua portuguesa, o que muito divertiu o público. Acabou por dizer várias expressões portuguesas que acha engraçadíssimas — e que nós quase nem notamos.
Aqui ficam cinco dessas expressões, que rabisquei furioso enquanto as ouvia (muitas passaram-me):
É no que dá pôr-me a ouvir a nossa língua pela mente duma alemã. Tudo se torna menos familiar, menos habitual e por fim — como acontece quando repetimos uma palavra comum muitas vezes — estranho e delicioso. Por momentos, ouvimos essa palavra como se fosse a primeira vez.
Será também aí que reside um dos grandes prazeres de aprender línguas: a estranheza da língua dos outros é sempre imensa — e há momentos em que até a nossa língua nos aparece como uma estranha invenção que não é de ninguém em particular, mas de todos nós — até duma alemã que a aprende em adulto — e que vamos desfiando pelos séculos, pela boca e pela escrita.
E, já agora, feliz Dia Europeu das Línguas!
Há pouco, pelo Facebook, encontrei quem perguntasse «a libras é uma língua a sério?».
Ora, o que é a libras? É a língua brasileira de sinais. «Língua de sinais» é a expressão brasileira para o que nós chamamos por cá de «língua gestual».
Houve logo alguém que disse: «Não, não. Não é uma língua! É uma linguagem.» (Não sei bem o que queria ele dizer com isto…)
A outra pessoa ficou mais descansada, até ao momento em que me meti na conversa e disse que, na verdade, a língua brasileira de sinais e, por cá, a língua gestual portuguesa são línguas mesmo a sério. São manifestações da linguagem humana tal como o português, o inglês e todas as outras línguas que conhecemos.
Senão, vejamos:
Em resumo: a língua gestual portuguesa é uma língua. Está até reconhecida na nossa constituição. É pouco conhecida e há quem ache que é uma simples «linguagem», como a «linguagem dos pp» ou algo assim, mas, na verdade — e repito — é mesmo uma língua a sério.
(Já agora, há uns tempos escrevi noutro lugar um texto sobre as 10 (!) línguas de Portugal.)
Sabem a origem da expressão “para inglês ver”?
A expressão tem origem brasileira… (Será que os portugueses ciosos da pureza do dialecto europeu do português vão começar a não querer usar a expressão? Espero que não!)
Lembrei-me da expressão ao ler este artigo da The Economist, onde a expressão é referida.
Referia-se, na sua origem, às leis aprovadas pelo Brasil para convencer os ingleses que estavam em processo de eliminação da escravatura — porque os ingleses andavam a patrulhar os mares em busca de barcos de negreiros. Têm aqui uma explicação (pela revista Veja).
Se acham que os ingleses estavam armados em bonzinhos, só a defender os seus interesses, não se esqueçam que estamos a falar da escravatura! Claro que estavam a defender (também) os seus interesses, mas e daí?
A escravatura é daquelas questões onde podemos ver um verdadeiro progresso moral. Podem dizer-me que ainda existe escravatura, e eu sei que sim. Mas, reparem: dizemos ainda. No sentido em que nos dias de hoje já não devia existir. Porquê? Porque o mundo já chegou à conclusão que a escravatura é qualquer coisa de abominável, sem qualquer excepção. Quem a pratica são criminosos, sem qualquer aura de credibilidade. O mesmo não acontecia ainda há dois séculos. Penso que será seguro dizer que o mundo não voltará a um estado em que a escravatura é aceite por vários países e praticada livremente. Há outros casos destes: mudanças de mentalidade que se cristalizaram e tornaram o mundo um lugar melhor — mas, para já, fiquemos com este.
Jean Baptiste Debret,Voyage Pittoresque et Historique au Bresil(1834–1839).
... para andar a gerir mais do que um blog, que isto dá mais trabalho do que parece à primeira vista.
Assim, desculpem lá os que só gostam de livros, vou integrar a tentativa-de-blog Entre Línguas neste blog, numa secção chamada "Línguas" (dâh!). Importei os posts e tudo!
Os posts importados são estes:
Estas são as versões do preâmbulo da Constituição espanhola em catalão e em valenciano:
CATALÃO PREÀMBUL CONSTITUCIÓ | VALENCIANO PREÀMBUL CONSTITUCIÓ |
Claro que esta semelhança pode ser enganadora: os registos mais formais de cada língua estão sempre muito mais próximas que os registos informais. Seja como for, permite ver o absurdo do conflito linguístico em Valência, onde muitos tentam defender uma separação absoluta entre a língua catalã e o valenciano. Na realidade, o catalão e o valenciano são dois nomes oficiais para uma mesma língua (havendo, como no caso do português, duas normas que não põem em causa a unidade dessa língua).
Há muitas pessoas que não gostam de ouvir a expressão "o comer".
Estão, obviamente, no seu direito. Aliás, convém perceber que a expressão não é nada bem-vista em certos círculos sociais e incentivar o seu uso pode levar a situações embaraçosas. É uma questão de etiqueta — e todos sabemos como, muitas vezes, a etiqueta é irracional.
A questão é outra: quem não gosta da expressão acusa quem a usa de estar a cometer um erro linguístico. Ora, o prevaricador estará, no máximo, a cometer um erro social (talvez enquadrado no estudo da pragmática), mas não um erro linguístico.
"Então mas 'comer' é um verbo: não podemos usar como substantivo!"
Não só nada impede as palavras de saltarem classes gramaticais, como esse fenómeno é muito comum, sem levantar qualquer questão. Reparem nas frases:
- "O saber não ocupa lugar."
- "O teu olhar é lindo."
"Saber" e "olhar" são verbos transformados em substantivos — tal como "comer" na expressão "o comer está na mesa".
"Tudo bem, mas se temos a expressão 'a comida', é um erro inventar outra expressão para dizer a mesma coisa."
A língua tem muitos casos de sinónimos ou palavras de significado parecido. "Saber" também tem significado semelhante a "sabedoria" e ninguém se importa. Por que razão havemos de impedir o uso de palavras só porque existem outras palavras com significado parecido? Teríamos de apagar dos dicionários uma enormíssima percentagem de palavras.
"Está errado e pronto! E cada vez oiço mais, infelizmente!"
O que acontece não é que cada vez se oiça mais esta expressão: há é cada vez mais contacto entre vários grupos sociais e, assim, todos estamos mais expostos à variação linguística — que, na realidade, tem vindo a diminuir ao longo das últimas décadas, devido à maior escolarização e a esses maiores contactos sociais.
Quanto a dizer que está errado e pronto, é habitual no comentário aos usos linguísticos dos outros. Mas é um comentário, este sim, errado. Uma coisa é o gosto pessoal de cada um e ninguém é obrigado a gostar desta ou daquela expressão — outra coisa é apontar o dedo a um suposto erro só porque sim.
"Só mostra o facilitismo que grassa por aí!"
A acusação de facilitismo nos debates linguísticos é muito... facilitista. Neste caso, não há qualquer facilidade em usar "o comer" em vez de "a comida". Há até um aumento das opções em termos de vocabulário, com uma maior dificuldade na escolha...
"Então porque tanta gente diz que está errado?"
Não sei explicar, mas tenho uma teoria: há expressões que ferem os ouvidos de algumas pessoas, como "funeral", "vermelho" e outras que tais, supostamente sinais de uma certa origem social. Ora, no caso de "o comer", quem tem esta sensibilidade demasiado apurada encontrou alguns pseudo-argumentos linguísticos contra o uso da expressão. Esses argumentos e ideias espalharam-se através de conversas, comentários, etc. — e acabámos por ter de lidar com o mito de que "o comer" é um erro linguístico. Não é um erro linguístico: é, como disse acima, um possível erro social, se a expressão for usada em meios sociais que a abominam.
Por isso, vamos todos respirar fundo. "O comer" não faz mal a ninguém. Pode ser, apenas, um pouco desagradável, por falta de hábito de quem ouve.
Tratem da fama e do comer,
Que amanhã é dos loucos de hoje!
— Álvaro de Campos, “Gazetilha”
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