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Mas afinal a que geração pertencemos nós que temos 30 e poucos anos?

 

Se calhar mais vale admitir que não há gerações, ponto. Os gajos e gajas do meu país que têm 33 anos ou quase são uma gente tão diversa que se escolhermos 33 ao acaso (só para insistir no número), acabam todos à batatada. Sim, eu sei, andámos todos a rir feitos totós com os Cromos do Markl, mas isso é porque é giro ter aquela idade em que podemos começar a ter nostalgia de quando éramos novos, porque pela primeira vez sentimos que quando alguém fala dos “jovens”, essa massa mentecapta que é preciso “apoiar e estimular”, como se fossem animais, não está a falar de nós! Meu Deus, fomos rascas, à rasca, Y, X, Z, abc, andámos a aturar os senhores adultos (os tais que têm trinta ou mais) a dizer que os jovens não sabem nada — e finalmente já não somos jovens! Iupi!


É uma idade curiosa: primeiro, continuamos a querer ir a Festivais de Verão, porque isto de ser adulto cansa. Ainda bem. Mas também gostamos de dizer que já não temos idade para isto, porque no fundo temos um certo prazer em já não ter idade para isto.

Depois, começamos a ter idade para uma coisa: criticar os jovens. Dizer que os jovens de hoje não são como nós. Que não sabem as mesmas coisas. Que ouvem música de merda. Que não sabem fazer contas. Que não têm trambelhos nenhuns.

E isto leva-me a um momento eureka: e se isto for sempre assim? E se todas as gerações forem criticadas pelos mais velhos e, chegada a sua vez de estar no poleiro da idade adulta, mais ou menos à rasca, começarem a criticar os mais novos?

Agora a pergunta dos dez dólares (que não há dinheiro para mais): isto prova que vamos mesmo de mal para pior, ou que gostamos todos muito de nos acharmos superiores aos mais novos?

 

Quando cheguei à faculdade, no velho ano de 1998, finais do século passado, sabia muito pouco daquela música que dá para começar conversas com colegas. Tinha uma pancada muito grande por outros tipos de música, que não vale a pena descrever para já (o blog ainda agora começou, não quero que desistam já dele). Ignorava olimpicamente a música que interessava aos jovenzitos de 18 anos. O que quer dizer que não conhecia os Pearl Jam.


Sim, eu era desses.

A educação teve de ser rápida. Porque por onde me movia, Eddie Vedder era uma espécie de Deus na Terra. Comprávamos DVDs, discutíamos as músicas, andávamos por Lisboa à noite, CD com misturas exclusivas em altos berros e olhos embargados, porque aquela voz dizia tudo. Dizia o que éramos, o que não éramos — como os nossos pais não percebiam nada e ainda como estávamos juntos naquela aventura em que parecia que éramos os primeiros a passar por tudo aquilo. E aquilo era o quê? Não sei bem.

Quantos casais se fizeram e desfizeram ao som dos Pearl Jam. A fome era tanta que alguns de nós achávamos romântica (no sentido kitsch do termo) uma música como Betterman, que é, digamos, muito pouco simpática para o casal da letra — mas queríamos lá saber da letra, chorávamos, e logo a seguir era beijo na certa (não eu, que era um atado, mas adiante).

 

Estes anos todos depois, ficamos a abanar a cabeça perante os mais novos, que acham os Pearl Jam um bocado antigos, a música datada, coisa de cota. Abanamos a cabeça perante pessoas da nossa idade que dizem que nunca gostaram muito deles, mas enfim.

Já serão menos a ouvi-los. Mas ainda há alguns que ficaram aos saltos com o anúncio dum novo CD dos Pearl Jam. Já agora, será que ainda se pode dizer “novo CD”, ou já vai ter de ser “colecção de música a descarregar no iTunes”?

 

Portanto, se a II Guerra Mundial criou a geração dos Babyboomers, há-de haver aí muito puto entre 12 e 18 anos que foi concebido fisicamente pelo pai mas moralmente pela voz do Eddie Vedder. É um dos pais da nossa geração. 

 

(Já agora, tenho 33 anos. Só para saberem.)

 

(E foi mais um post sem livros, só para desenjoar. Eles voltarão. E em força!)

 

 

(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Eddie_Vedder_and_Pearl_Jam_in_concert_in_Italy_2006.jpg)

 

publicado às 20:36

Sim, a nossa geração, em geral, gosta desta série como de poucas. Pronto, admito, talvez apenas a nossa geração urbana, o que faz uma grande diferença. Não sei, não fiz nenhuma investigação sociológica, e se calhar devia ter feito se queria comentar isto no Facebook. Adiante.

 

Esta série apresenta a vida atribulada dum grupo de amigos: um geek simpático (o Ted), um cabrão simpático (o Barney), um casal corny simpático (o Marshal e a Lily), uma boazona que é também um bro (a Robin) — que é, obviamente, desejada pelo geek e fica com o cabrão, porque a vida é assim mesmo — e todas as outras personagens que gravitam à volta destes gajos fixes. O final feliz está garantido pela presença dos dois filhos do Ted no início de cada episódio, lindos e interessados na vida de jovem do pai cool que o Ted tem de ser.

 

As situações são reais q.b., por vezes surreais, sempre de partir a rir, tudo numa comédia que tem o ethos da nossa geração, mas com aquela sensação feel good que nos faz dizer: sim, nós somos assim, com muito orgulho.

 

Claro que não somos bem assim... Antes de mais, não somos nova-iorquinos. Vivemos no Cacém, na Bobadela, pronto, talvez alguns de nós em Lisboa, outros no Porto, e para nós até Nova Jersey é algo mítico, terra de filmes e mitos muito nossos. Mas não é por isso. Lisboa também podia ser esta Nova Iorque. A questão é outra. A questão é que nós gostávamos de ser assim, mas nunca poderíamos ser assim. A amizade não é assim, é outra coisa, bem mais dolorosa. Sim, apaixonamo-nos e desapaixonamo-nos, mas custa muito e não há laughing track na nossa vida. Sim, há geeks e há cabrões e há boazonas e casais corny — mas muitas vezes somos todos muito maus uns para os outros, quase nunca nos toleramos assim e quase sempre andamos sem paciência para a geekice, cabronice, boazice e cornyzice dos outros. 

 

Mas depois, sim, queríamos ser assim. E isso já é alguma coisa. E na vida complicada de todos os dias, lá vamos encontrando uma ou outra oportunidade para sermos melhores e, uma vez por outra, em certas noites, numa pista de dança qualquer, até parece que somos personagens do HIMYM e ficamos felizes, porque é disso que esta série trata: da felicidade que encontramos no meio dos nossos amigos.

 


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