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Nas generalizações absurdas, os europeus têm um prazer sibilino em generalizar a estupidez no caso dos americanos (como, aliás, já se disse por aqui).
Há uns tempos, descobriu-se que 25% dos americanos não sabiam bem se era a Terra que rodava à volta do Sol ou o contrário.
"Ai, esses ignorantes medievais" — apressaram-se logo a dizer alguns anti-americanos habituais.
Mas, vai-se a ver, na Europa ainda são mais os respondentes que não sabem bem à volta de que astro andamos todos...
Não fiquem já aí todos chocados com isto. Não comecem, acima de tudo, a acusar os jovens disto e daquilo. Não tenho os dados, mas se fôssemos destrinçar isto por gerações, tenho a certeza que não seriam os famosos jovens a sair-se mal na fotografia... Aliás, reparem lá nos números: estes europeus que não sabem nada de astronomia não serão os idosos perdidos pelas aldeias do interior dos 28 países, que não chegaram a tempo da explosão na formação científica e cultural dos últimos 50 anos (para lá das elites das grandes cidades, que sempre tiveram essa formação)?
Bem, este será um dos posts livres de livros. E serve para vos dizer o seguinte: parece-me que a maior parte das pessoas está convencida que o resto do mundo é extraordinariamente estúpido.
Entendamo-nos: que há estupidez no mundo, há e sobra. Mas preocupo-me mais com a minha estupidez (que existe também) do que com a estupidez dos outros. Para mais, a forma como vemos o que os outros fazem e dizem é tão parcial, que teremos sempre muita dificuldade em perceber se somos nós que não os compreendemos ou se são eles que de facto não percebem. Na dúvida, perdoe-se o outro e tente-se ser menos parvo. Não sei se compreendem... Espero que sim, porque vos tenho em muito boa conta.
Mas se não compreenderem, é bem provável que a culpa seja minha. Por isso, explico de novo: quase toda a gente é estúpida de vez em quando. Todos nós. Sem excepção. Mais vale preocuparmo-nos connosco. Porque, no que toca aos outros, o nosso cérebro está enviesado para generalizar e a nossa mentalidade está mais preparada para sublinhar o mau em detrimento do bom. Junte-se tudo isto e, dando tempo suficiente ao cérebro para mastigar todas as informações obtidas de forma enviesada e negativista (no que toca aos outros), um ser humano normal fica convencido que os outros são estúpidos.
Quando alguém está muito convencido que é muito inteligente, então aí é que a porca torce o rabo. Fica isolado na sensação confortável que o mundo é uma colecção de estúpidos e ele é um dos poucos iluminados.
Não é. Felizmente.
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