Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Não é a primeira vez que me dispo à vossa frente, ou seja, mostro um pouco das estantes. Aqui fica (e por baixo estão os posts sobre alguns destes livros e autores).
Posts sobre António Lobo Antunes.
Posts sobre Alexandre Herculano.
Ou melhor, desnuda as suas estantes — como vimos antes, vai quase dar ao mesmo.
Antes de ir de fim-de-semana, andei a fotografar as minhas estantes um pouco aleatoriamente.
Porquê?
Porque queria material para escrever no blog durante o fim-de-semana.
Ora, já devia ter percebido que se os dias úteis são complicados, os dias inúteis ainda são mais e pouco tempo tive para estas brincadeiras.
Pois, aqui vai a primeira fotografia que tirei:
Encarem isto como antevisão do que há-de vir por aí, neste blog. Mas encarem também como aviso: a minha biblioteca é caótica e há encontros imediatos do terceiro grau entre livros que nunca se tinham visto mais gordos.
Esta foto é da parte de cima duma das Billy ikeanas, onde pusémos livros que não cabiam nas estantes por baixo.
Olhem só para este encontro: a Bíblia (a versão "King James"), um livro de poesia de Pedro Támen, poemas em inglês seleccionados por Harold Bloom, o livro de Steven Pinker que mostra como a violência tem diminuído no mundo e a humanidade anda a melhorar, sem ninguém perceber, tudo encostadinho ali ao Harry Potter, que por sua vez se encosta às obras completas do senhor Shakespeare (que nunca pensou vir a ter tais companhias).
E é isto.
De tudo, o que apetecia agora escrever era um texto sobre uma coisa que o Harold Bloom disse uma vez sobre os amigos. Lá chegaremos.
Já pensaram bem que as vossas estantes são uma grande mostra de quem vocês são? Não há que enganar: os livros que compramos revelam muito do que somos.
Há até quem faça julgamentos tão sumários que uma biblioteca variada, bem mantida, muito lida não pesa nada em comparação a um livro errado numa das estantes. Há pessoas que avaliam os outros assim: e não é só com os livros… (Isto faz-me lembrar um conto do Eça. Alguém quer adivinhar qual é?)
Ora, na realidade, se quisermos fazer uma radiografia à alma leitora duma pessoa, tínhamos de fazer uma análise mais profunda: que livros comprámos e lemos? De que livros gostámos? Quais são prendas de outras pessoas que não nos conhecem assim tão bem? Que livros lemos e gostámos há alguns anos, mas agora já não são bem os nossos livros? E por aí fora…
As pessoas são oceanos com relevo muito complicado, e quem olha só para a superfície fica a ver navios.
Mas poucos resistem a essa tentação de olhar para os livros dos outros e tentar adivinhar a pessoa que ali se esconde...
Há muitos, muitos anos, não me lembro bem quantos, encontrei na tal papelaria dos meus avós maternos (de que já vos falei — e hei-de voltar a falar, até por razões bem menos alegres do que os livros) um pacote de livros a um preço espectacular, que me parece ter sido uma forma de a D. Quixote dessa altura (muito muito longe de ser parte da tão badalada Leya) despachar alguns livros que tinha para lá encafuados nos armazéns.
Os livros estavam um pouco acima dos interesses da minha idade (devia ter uns 14 anos), mas foram uma das primeiras pedras da minha biblioteca, que hoje está já relativamente composta, para horror das estantes da sala...
Este pacote tinha um verdadeiro sortido de livros. A lógica da selecção é a chamada lógica inexistente. Parece que alguém pegou em si e andou a pescar livros num amontoado de títulos avulsos. E isso, estranhamente, deixou-me encantado. É como receber um pacote de gomas diferentes umas das outras: prazeres todos diferentes, mas prazeres nonetheless.
Num post já a seguir, irei falar um pouco de cada um destes livros...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.