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Entreabro a porta do quarto do meu filho à noite e fico a olhar um pouco para ele, a dormir. É difícil escrever o que sinto. É qualquer coisa de físico, inscrito em mim depois de milhões de anos de evolução da nossa espécie. Mas isto, claro, são pensamentos abstractos que tenho depois desse momento, em que entro, vejo se está tudo bem, olho só mais um bocadinho, e depois saio, encostando a porta devagarinho. O que sinto é uma mistura de emoções: felicidade (palavra tão banal), medo (palavra demasiado simples), alguma força — e ainda qualquer coisa parecida com contemplação. Ou melhor, se calhar é melhor dizer doutra forma: quando estamos em contemplação ou sentimos felicidade noutros contextos, talvez isso seja, na realidade, uma imitação do sentimento bem mais primordial que nos aparece quando olhamos para o nosso filho a dormir sossegado. E pronto, um parágrafo inteiro e não disse nada que reflectisse um terço que fosse do que senti quando espreitei o meu filho a dormir e logo fechei a porta.
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