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Uma empresa que queira chegar aos clientes na língua certa não deve limitar-se a ir à Wikipédia ver qual a língua oficial do país em questão. Não só pode acabar por ferir susceptibilidades regionais (assim de repente, lançar uma campanha de marketing em ucraniano na Crimeia pode não ser a melhor opção, principalmente por estes dias), como podem acertar na língua, mas errar na versão da língua.
Assim, uma empresa chinesa que decida entrar no mercado brasileiro e contrate tradutores portugueses vai acabar por ter problemas — as duas normas do português estão mais próximas do que julgamos ao nível da escrita, mas não deixa de ser impossível escrever um texto neutro, ou seja, que possa ser usado dos dois lados do Atlântico sem acabar por ser considerado estranho por um dos lados.
Da mesma forma, contratar redactores ou tradutores brasileiros para escrever textos dirigidos aos portugueses é um erro de palmatória. O português é uma só língua — mas quem quer vender produtos num mercado não pode achar que essa língua é igual em todo o lado: nenhuma língua é uniforme, e no caso das línguas internacionais, é costume a própria norma da língua ter variantes marcadas (como é o caso do inglês, do espanhol, do francês...).
Isto são conselhos para as empresas. Não desvalorizem a relação emocional não só com a língua, mas também com a forma local de falar a língua: seja no Brasil, em Portugal, em Angola ou até numa parte específica de cada um desses países.
Para os utilizadores e para os leitores de literatura, o meu conselho é outro: tenham menos medo das outras versões da língua. Leiam mais, de tudo. (Vejam, a esse propósito, o post O português do Brasil aleija os portugueses?)
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