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Francisco José Viegas diz que "a leitura [é] cada vez mais uma atividade minoritária".
Este é o discurso habitual dos tipos de Letras, nos quais me incluo, orgulhasamente (tem dias).
No entanto, não consigo dizer que concordo.
Não tenho dados concretos (hei-de os procurar). O que posso fazer é pedir-vos para fazerem uma experiência mental: imaginem o país actual e imaginem ainda que escolhe, aleatoriamente, 100 jovens de 16 anos. Vamos encontrar um número determinado de jovens que gostam de ler.
Agora façam o mesmo exercício para o país há 10, 20, 30, 40, 50 e 60 anos. Em qual destes Portugais imaginam encontrar mais jovens de 16 anos que se considerem leitores?
Não se esqueçam que a escolha dos jovens é aleatória. Não são jovens na escola, não são jovens das cidades, não são jovens do Norte ou do Sul. São 100 jovens portugueses, aleatórios. Das aldeias, das vilas, das cidades, de todas as famílias.
O que me parece, sinceramente, é que a percentagem terá vindo a aumentar ao longo das décadas.
Porque digo isto?
Porque conheço muita gente que gosta de ler cujos pais e avós liam pouco ou nada. Conheço menos gente que não goste de ler e venha de famílias onde isso era uma tradição.
Isto não quer dizer que alguém habituado a falar, por exemplo, com jovens universitários não sinta uma diminuição do interesse pela leitura. Porquê? Porque o grupo dos jovens universitários alargou-se de tal forma que inclui hoje pessoas de origens muito diversas em relação aos jovens quase pré-seleccionados de há alguma décadas.
Mas, mesmo assim, há sempre um núcleo duro de leitores que não tem vindo, quanto a mim, a diminuir.
Como em tudo, temos de ver as coisas concretamente. Hei-de procurar os dados e vamos falando deste assunto.
(Outro assunto será o que se lê. Mas fica para depois.)
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