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Há uns tempos largos, noutro poiso internético, em que se falava de português e outras coisas desusadas dessas, atrevi-me a deixar algumas notas para ajudar a corrigir alguns erros ortográficos comuns (também caio nessas tentações). Uma dessas notas era a seguinte: os dias da semana escrevem-se com minúscula. Assim: segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sábado, domingo. Só no caso de dias específicos, como o Domingo de Páscoa ou a Sexta-feira Santa, usamos maiúsculas.
Isto é coisa fácil, de prontuário, e nem é um erro grave por aí além.
O giro foi a reacção de um comentador, que começou aos gritos (ou seja, COMEÇOU A ESCREVER ASSIM) a dizer que não aceitava o novo acordo ortográfico, que era contra, que era isto e aquilo — continuando com um arrazoado sem fim.
Expliquei calmamente que a regra exposta não tem nada a ver com acordo ortográfico, pois os dias da semana já se escreviam em minúsculas antes do dito acordo.
Nada feito. A partir do momento em que se falou do assunto, a questão das minúsculas passou a ser secundária. Começou a corrida a ver quem chega primeiro ao insulto mais extremado ou ao argumento mais radical contra a tal coisa cujo nome nem vou repetir.
Como o título indica (e não gosto de enganar), este post não é sobre o acordo ortográfico. É sobre esta surdez estranha de que algumas pessoas sofrem: no meio de qualquer discussão, não ouvimos os outros, não tentamos perceber os outros, tentamos apenas martelar a nossa opinião, da forma mais radical possível, usando de toda a retórica possível e de muito pouca racionalidade, que é palavra feia para muitos dos acesos comentadores da nossa internet lusitana.
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