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Todos nós temos muita qualidade na boca. É qualidade para aqui, qualidade para ali, o que importa é a qualidade, a quantidade nem por isso, os que ligam à quantidade não sabem o que é realmente bom, e por aí fora numa avalanche de amor pela qualidade.
Mas, ora bem... Primeiro, todos estamos convencidos que sabemos perfeitamente bem o que é a qualidade.
Na realidade, há qualidade para todos os gostos — e, permitam-me o atrevimento, a melhor maneira de garantir que encontramos aquilo que nós achamos bom (ou seja, a melhor forma de encontrar qualidade) é garantir a quantidade.
Em segundo lugar, a quantidade é uma forma testada de obter qualidade.
Vou tentar ser mais explícito. Países ou línguas com grande quantidade de pessoas, de leitores, de escritores irão produzir — quase por mera necessidade estatística — um bom número de escritores (ou o que se quiser) de qualidade.
E esta qualidade, que nasce do caldinho de quantidade, acabará por ser aproveitada por todos — por toda a imensa quantidade de gente.
Assim, um país como Portugal, que fala uma língua falada, tecnicamente, por 200 milhões de pessoas, mas que para os efeitos práticos se reduz aos nossos queridos 10 milhões (porque andamos todos de costas voltadas na tão badalada e tão ignorada lusofonia), acaba por ter uma limitação quantitativa ao surgimento de muita qualidade.
Não há uma relação absoluta entre quantidade e qualidade, obviamente — mas a quantidade é uma das melhores formas de conseguir a tal qualidade que todos procuram.
Também por esse motivo há tantos bons escritores em espanhol, em inglês, em francês, em alemão, em italiano, e menos noutras línguas. Se juntarmos as línguas menores, claro que vamos conseguir um bom número de bons escritores. Mas o magma de escritores em grande quantidade das grandes línguas permite garantir que vamos ter obras-primas em grande... quantidade.
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