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Hoje estamos numa de falar da Amazon...

 

Depois de alguns anos em que a Amazon era uma loja exclusivamente americana, os europeus lá receberam a Amazon.co.uk, que muito veio ajudar quem gosta de livros (e não só...) e não está perto de livrarias (e outras lojas). 

 

Hoje, é possível fazer encomendas da Amazon sem pagar um tostão de portes de envio. Ora, no meu caso, os portes gratuitos começaram mais cedo... Não só os portes, como os próprios livros.

 

Ainda estávamos no velhinho século XX, quando fiz a minha primeira encomenda. 

 

Tudo começou quando recebi um cheque-oferta da Amazon. Ainda poucos conheciam esta loja e devo ter recebido tal generosa oferta por ser assinante da Time. Não me lembro bem, mas recebi mesmo um cheque-oferta de $10. 

 

Ora, eu, do alto dos meus parcos 19 anos, não tinha cartão de crédito e muito menos dinheiro para gastar em muitos livros. Não me apetecia arriscar o cartão do meu pai, nessa altura em que a Internet ainda era coisa misteriosa — e, para um pai de 1999, ver um filho comprar coisas na Internet era quase tão suspeito como ver um filho ir a Marrocos comprar seja o que for.

 

Portanto, não tive opção: andei a vasculhar o site da Amazon (na altura ainda era possível vasculhar o site; hoje teríamos de ter umas dezenas de vidas para conseguir vasculhar uma secção do site...) e encontrei um livro que ficava a menos de 10 dólares, incluindo os portes para Portugal.

 

Fui lá ver o resumo da encomenda, estes anos todos depois, e ainda lá está:

 

 

(Acho fofinho da parte da Amazon deixar-me devolver o livro 15 anos depois...)

 

Fiz a encomenda, desconfiado. Sinceramente, duvidava que me enviassem o livro. Pensava ir receber uma mensagem a dizer: "Lamentamos, mas só pode aplicar o cheque-oferta a encomendas superiores a 125 dólares." — isto, mas em americano, claro.

 

Lá recebi o livro, muitos dias depois, e fiquei maravilhado. Um livro oferecido por uma misteriosa loja dos E.U.A.!

 

Li os poemas (o livro incluia mais do que o poema do título), numa edição pequenina mas muito bonita, com um papel a que não estava habitual. 

 

Naquele momento, senti-me como se tivesse sido transportado para os E.U.A. e estivesse a folhear um livro numa rua de Nova Iorque. O que a imaginação adolescente dum geek dos livros faz...

 

Se aprendi que Abril é o mês mais cruel, também percebi que Setembro era o mês de receber livros como prenda (o que tem lógica, pois faço anos em Setembro). Boa tradição, esta!

 

Curiosamente, poucas semanas depois, andava eu com o livro na mochila que levava para a faculdade, quando uma professora nos fala de T.S. Elliot e The Waste Land, dizendo que, obviamente, nenhum de nós saberia quem era tal pessoa nem que livro era esse. Sorri e tirei o livro da mochila. A professora embatucou.

 

Quase que lhe disse "a culpa não é minha...", mas deixei-me ficar calado.

 

E, pronto, fiquem com o início de The Waste Land:

 

I. THE BURIAL OF THE DEAD

APRIL is the cruellest month, breeding
 
Lilacs out of the dead land, mixing 
Memory and desire, stirring 
Dull roots with spring rain. 
Winter kept us warm, covering         
Earth in forgetful snow, feeding 
A little life with dried tubers. 
Summer surprised us, coming over the Starnbergersee 
With a shower of rain; we stopped in the colonnade, 
And went on in sunlight, into the Hofgarten,  
And drank coffee, and talked for an hour. 
Bin gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch. 
And when we were children, staying at the archduke’s, 
My cousin’s, he took me out on a sled, 
And I was frightened. He said, Marie, 
Marie, hold on tight. And down we went. 
In the mountains, there you feel free. 
I read, much of the night, and go south in the winter.

 

 

publicado às 16:48



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