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Acreditem — o mundo é feito duma imensidade de gente decente que, em muitos sítios diferentes, de todas as religiões ou sem nenhuma, tenta viver o melhor que sabe e pode. E, depois, há estes iluminados que acham que o mundo só se endireita em direcção ao caminho que eles acham correcto se derem um empurrão à bomba e ao tiro. Por isso, não digam que o mundo está louco. Loucos são eles.

 

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Hoje estamos naqueles dias de sorte, uma sexta-feira que calha num belo dia 13. Chove e tudo!

 

Há uns anos, estava eu a chegar perto da meia-noite entre a quinta-feira 12 e a sexta-feira 13 à casa onde morava durante os anos da faculdade e passou-me um gato preto à frente do carro. Sorri.

 

Um minuto depois, passa um novo gato preto à frente do carro. O relógio marcava 00:00. 

 

Arrepiei-me um pouco. Sorri, mas com um pouco de amarelo nos lábios.

 

Estacionei e lá fui para casa, com os meus passos a soar na rua deserta, um pouco assustado.

 

Nada aconteceu, o que até foi sorte. Afinal, a casa era num local onde o azar bate à porta várias vezes, bastando para isso andar na rua em momentos de noite escura.

 

Aqueles gatos não me trouxeram qualquer azar. Mas, se os gatos pretos dão tanto azar como os gatos à pintinhas amarelas, a verdade é que parecem ter mais azar do que os outros.

 

Porquê?

 

Porque estas nossas parvas superstições acabam por levar a que seja mais difícil arranjar donos para gatos pretos. Uma pena.

 

E, mais... Os meus pais, há uns anos, receberam em casa uma gata grávida. Teve cinco filhos: uma gata cinzenta, outra malhada e três gatos pretos.

 

Pois os três pretos acabaram por desaparecer. Ninguém sabe o que se passou mas disseram-me algumas línguas mais dadas à conspiração que, nas aldeias, os gatos pretos têm muito azar. Muito azar provocado por esse bicho complicado que é o ser humano.

 

Não sei o que se passou com esses três gatinhos bonitos, desaparecidos em combate. Mas não custa pedir para que todos nos deixemos de superstições estúpidas: os gatos pretos fazem tão mal como os gatos brancos, ou não?

publicado às 12:16

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Ontem, vinha a conduzir pelas ruas de Lisboa no fim de tarde que já é noite, quando me apareceu na rádio o Jorge Palma a cantar Rui Veloso.

 

Aquela junção da voz de Palma com uma canção que sempre ouvi na voz de Rui Veloso, com a sua inconfundível voz portuense, fez-me um curto-circuito qualquer.

 

Ali sentado no trânsito, à espera que o semáforo passasse a verde, a voz já quebrada de Jorge Palma, dos muitos anos que leva em cima, soou-me ao perfeito timbre lisboeta. Rui Veloso tem o Porto na voz e Jorge Palma tem Lisboa na voz.

 

Há outra voz que identifico de forma muito particular com Lisboa: Sérgio Godinho. A voz dele tem um outro timbre lisboeta: o da política dos anos 70, dos jovens de vidas a arder na faculdade, com os olhos brilhantes das ideias que mudam o mundo inteiro aqui e agora, entre beijos e cigarros.

 

Jorge Palma é outra coisa: bebedeiras ao fim do dia, entre quem não quer saber e quem já está cansado, festas de amigos num apartamento da Costa da Caparica ali por volta de 1979, todas essas décadas e toda a cidade a aparecer-me em imagens de vidas que não são minhas. 

 

A música é assim: um rapaz nascido em 1980 acaba com memórias dos anos 70 na cabeça. 

 

Estes timbres, estes imaginários urbanos, estas pequenas memórias que todos temos não são só dos lisboetas (ou dos portuenses): são de todos os portugueses e de quem cá cair por acaso. É assim a vida e a música.

 

Fonte da imagem: 

http://www.guiadacidade.pt/pt/art/jorge-palma-sergio-godinho-juntos-284476-03

 

publicado às 10:44


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