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Vou contar-te um segredo: apesar de ter um blogue sobre livros (este mesmo que estás a ler), não gosto de falar de livros.
Se não gostei dum livro, acho sempre que o problema é meu (e provavelmente é mesmo). Afinal, o autor e o editor e mais não sei quantas pessoas passaram meses ou anos a preparar aquele livro. Quem sou eu que passei umas horas (ou uns minutos) a ler (ou a folhear) a tal obra para dizer se vale a pena ou não? Por isso, para quê falar do tal livro? Quem gostou que fale.
Se gostei do livro, fico em desespero: como explicar porque gostei? É impossível. Nem eu sei explicar bem. Ou até sei, mas não tenho palavras para dizer o que senti ou percebi. Para mais, o autor do livro é sempre melhor do que eu a falar do tema do livro ou a contar a história que o livro conta. Mais uma vez, não vale a pena falar muito. Dizer que se leu e pouco mais.
E, no entanto, não conseguimos parar, não é? Queremos sempre falar mais e mais, explicar os nossos gostos, espalhar as boas notícias dos livros que lemos. Não queremos que os outros fiquem na ignorância daquilo que é bom ou é muito importante.
É por isso — e espero que não te importes muito — que não posso viver sem falar um pouco destes bichos estranhos que me acompanham sempre. Mas, por respeito aos próprios livros, tento falar mais de todas as histórias que os rodeiam, da forma como estes objectos mais ou menos discretos me vão mudando a vida, ou se vão introduzindo nos meus dias quase sem se notarem.
A minha mulher, se ler isto, vai rir-se muito. «Quase sem se notarem?» — dirá, desesperada. Não é que ela não goste de livros, mas não gosta com a intensidade obcecada de quem os anda a acumular em estantes atrás de estantes, numa sala que, doutra maneira, até seria arrumada.
Mas não posso fazer muito e ela sabe-o. Não posso deixar de os comprar (para mal da nossa carteira) e não posso deixar de escrever sobre eles (para mal da tua paciência).
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