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"Hoje em dia..."

16.09.15

BIBLIOTECA KANSAS.jpg

 

Serei o único a achar esta frase muito perigosa?

 

É dita, quase sempre, com aquele ar de "antigamente é que era bom".

 

Começamos com "hoje em dia" e lá vamos lançados para uma queixa qualquer sobre alguma coisa que nos atormenta.

 

Não é que não tenhamos razão: às vezes, temos.

 

Mas muitas vezes não há nada que indique que aquilo de que nos queixamos está hoje pior do que "antigamente".

 

Por exemplo: "Hoje em dia ninguém lê."

 

Sendo, logo à partida, uma hipérbolo muito puxadinha (hoje em dia tanta gente lê, nem que seja o ecrã do telemóvel), parece-me desafiar a imaginação achar que num tempo em que quase não há analfabetos, em que se vendem mais livros do que nunca e a escolaridade obrigatória é de 12 anos se leia menos do que quando a escolaridade era de 4 anos, havia uma percentagem altíssima de analfabetos e quase não havia livrarias por esse país fora.

 

Se calhar, quem diz tal coisa quer dizer: "Hoje em dia, vejo muita gente bem diferente dos bem-educados colegas que tinha na minha escola, ali num bairro muito bom de Lisboa."

 

Ou então: "Hoje em dia, vejo imensa gente que não lê e a minha memória do passado é selectiva e só se lembra das coisas boas, incluindo as pessoas que lêem. Os que não liam nem sei quem eram."

 

Ou ainda: "Hoje em dia, ninguém lê aquilo que eu acho que eles deviam ler." Mas será que antigamente liam?

publicado às 10:57


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