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Leio este Manifesto sobre os 800 anos da nossa língua (aliás, os 800 anos do primeiro documento oficial) e acho que não deixa de ser uma forma inteligente de falar da língua sem cair no já cansativo tema do "acordo ou não acordo”. Sim, é bom falar da nossa língua sem polémicas e sem medos.
Eu até ia postar o texto inteiro — apócrifo — sobre os 800 anos da língua portuguesa, mas comemorar uma data tão importante com um “a nível de”, eu me recuso!
Ora, há que começar por dizer que é raro uma palavra poder ser traduzida por uma só palavra noutra língua. Muitas vezes, a uma palavra corresponde uma expressão (e vice-versa). É possível imaginar casos em que o tradutor tem de escrever um parágrafo inteiro para traduzir uma só palavra. Outras vezes, uma frase inteira pode ser traduzida por uma só palavra.
Dito isto, e tendo em conta o que disse no primeiro post deste blog (não existem palavras intraduzíveis), desafio quem julgar ter encontrado a mítica Palavra Intraduzível para pensar no seguinte: consegue explicar o significado dessa palavra? É provável que consiga. Descreva o significado o melhor possível, usando todas as palavras que quiser.
Pois bem, agora traduza essa descrição para a língua que desejar. Pronto: a palavra intraduzível está traduzida! E, provavelmente, um tradutor experiente conseguiria traduzir usando muito menos palavras — e, seja como for, a tal Palavra (aparentemente) Intraduzível, se estiver integrada numa frase, irá ter um significado mais preciso e mais facilmente traduzível.
Sim, é verdade: traduzir é muito difícil. Mas nunca é impossível.
Não acredito em palavras intraduzíveis. Não posso provar que não existam (ninguém pode provar que X não exista nalgum ponto do universo), mas considero-as tão improváveis como um unicórnio voador. E julgo não errar muito se disser que não há ninguém no mundo que tenha encontrado um desses unicórnios ou uma dessas palavras.
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