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Diz Carla Hilário de Almeida Quevedo que:
"A leitura não faz de uma má pessoa alguém em que se possa confiar. Não traz, neste sentido, mudanças morais. Mas tem o poder fundamental de não haver nada que interfira naquele instante em que estamos a sós com um livro. Ser capaz de fazer isto é poder ser independente como ninguém. E é nisto que penso quando se diz que “a leitura melhora as pessoas”. Sim, é verdade. Melhora porque cria um hábito de autonomia de pensamento. Um hábito de liberdade.
Concordo, mas diria que não é só isso e talvez nem seja principalmente isso. Reparem que há outras coisas que têm esse poder fundamental: o teatro, um bom filme, até a música.
O que a literatura faz (também) é por-nos a ler e a assumir por instantes as palavras de outros. A entrar pela consciência alheia. A vivermos mais. Não a vivermos melhor, como muito bem diz a Carla. A literatura faz-nos viver noutros olhos, noutros pés, coisa que os filmes não fazem (porque estamos a ver de fora), que o teatro não faz (também estamos a ver de fora), que a música faz de forma mais vaga.
Por isso, ler não nos torna melhores pessoas, mas permite-nos viver muito mais além do que a nossa apertada vida.
(E estamos a falar de literatura, porque não se esqueçam: a leitura é muito mais do que literatura. É também ciência, é também história, é também tudo o que cabe entre as duas capas dum livro.)
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