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Há muitos anos (enfim, há oito), li uma crónica de Vasco Graça Moura com a qual não concordei. Armado aos cágados, escrevi-lhe um email a dizer o que pensava (era na altura em que os cronistas ainda punham os emails por baixo das crónicas do jornal). Confesso que não esperava resposta.

 

Pois, incrivelmente, Vasco Graça Moura respondeu-me, de forma muito simpática, descansando-me em relação ao ponto que eu não tinha compreendido, explicando os pontos da crónica que eu rebatia e desabafando por estar no meio duma sessão plenária do Parlamento e estar com pouco tempo para escrever muito mais, como quem diz é disto que eu gosto: escrever, discutir, pensar.

 

Isto pode parecer um pormenor: mas quantos de nós responderíamos a um perfeito desconhecido, imersos em tudo o que temos para fazer? E não somos um poeta como ele, um tradutor literário de primeira linha, um político famoso. Pois Vasco Graça Moura era o poeta que era, o tradutor que era, o político que era — e respondeu a um rapaz qualquer, que lhe escreveu sobre uma crónica, e fê-lo com todo o desprendimento de quem não se importa de conversar sem olhar com quem fala.

 

Esta é a minha forma de prestar uma pequena homenagem a este homem, que acabou por embater naquele muro em que todos, grandes e pequenos, acabamos. Mas ao contrário de nós outros, foi um poeta e os poetas, já sabemos, não morrem. Basta que alguém os leia.


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