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Já que hoje tivemos uma "invasão brasileira", por vias do destaque na página principal do Sapo, vou falar de dois livros brasileiros.
Há uns bons anos fui pela primeira vez ao Brasil — pela primeira e, até hoje, única. Uma das coisas que achei muito curiosas foi estar enfiado num avião durante nove horas e ser recebido com um portuguesíssimo "BEM-VINDO" à chegada.
Foi uma viagem onde, ao contrário de outros destinos, me pude deliciar pelas livrarias, que são muitas e bem fornecidas.
Nessa viagem comprei — e li, para preocupação dos meus pais, que achavam estranho andar de livro debaixo dos olhos no meio duma praia tropical — este livro divertidíssimo, em que Sherlock Holmes vai até aos trópicos e vê os miolos esturricar, perdendo a capacidade de resolver os casos que lhe dão para as mãos.
Há muito menos tempo, li, também do Jô Soares, As Esganadas. Aí, temos um detective português no Brasil — e as diferenças linguísticas dentro da nossa língua são parte do humor da obra. Fiquem só com este pedaço, em que percebemos que quem é o Esteves, o tal detective:
A semana passada foi o mirandês e hoje foi o português (europeu, brasileiro, o que se quiser). Parece que o Sapo gosta de línguas e de falar sobre elas.
...
Quando faltam poucos meses para os escoceses decidirem se ficam saem da união, deixando o Reino muito pouco Unido, alguns ingleses divertem-se a imaginar qual seria a bandeira britânica na eventualidade de a Escócia se tornar independente (caso não saibam, o azul da bandeira britânica representa a Escócia).
Alguns ingleses decidiram armar barracada e propuseram isto (como que a dizer, "vocês vão-se embora e nós vai ser sempre a bombar"):
Mas não julguem que são os únicos brincalhões. Afinal, a bandeira do País Basco é, há muitos anos, esta:
Agora mais a sério, encontrei este título, na Amazon, sobre a história da bela Bandeira da União (tremida):
(Nick Groom, The Union Jack: A Biography)
Ai, não gosto de andar a dizer: "lá fora é que é bom", mas de facto, se olharmos para a nossa blogoesfera, os livros estão presentes em blogs amadores ou são então são blogs semi-profissionais de editoras, cujo principal objectivo não é o blog, mas vender livros — e fazem muito bem! Blogs profissionais de livros? Só o conceito é para rir!
Porquê? Porque o país é mau? Porque ninguém dá valor aos livros? Não, não, não — apenas porque é preciso quantidade para termos qualidade: um blog num país de 300 milhões, se for bom, pode tornar-se profissional e, assim, os bons são atraídos para esta actividade blogueiro-livresca. Até pode nem chamar-se blog, e armar-se em website.
Não se queixem. Num país de 10 milhões, em que não há multidões a ler, o que temos é muito bom!
Fiquem aqui com um blog/site americano sobre livros. Reparem que até tem staff:
Como já vos contei, comprei um livro no inglês errado...
Tentei, na altura, encontrar o livro, para vos mostrar, mas não consegui.
Ora hoje, a percorrer os dedos pelas estantes, lá estava ele:
Se quiserem ver o tipo de inglês do livro, aqui está:
Com a glosa a explicar, na página da direita:
Levem também com o preço... E a data, nesse longínquo 1998...
Há quem fuja a sete pés do futebol. E também quem fuja a sete pés da literatura.
Depois, há quem seja "da literatura", mas também goste de futebol.
E quem seja do futebol, mas dê uns passos na literatura.
Mas, mesmo assim, não é costume imaginar um daqueles adeptos mesmo a sério, das claques e gritos e autocarros atrás da equipa — com um livro na mão...
Muito menos a escrever livros.
Por isso Nick Hornby é tão especial.
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