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Édouard Manet. 1882.

 

 

 

publicado às 23:48

Ora, vou contar-vos o que se passou comigo e com Os Maias. Tudo começou no ano anterior ao ano em que tinha mesmo de os ler na escola. Precavido, achei que era melhor ler antes que me obrigassem a fazê-lo, porque podia dar-se o caso de nunca vir a gostar da obra só porque era obrigatória. Sim, exacto, eu era um bocado esquisito (acho que já vos tinha dito, mas é melhor continuar a avisar, porque pode haver novos leitores deste blog que devem ser avisados enquanto é tempo).

 

Pois, li. E confesso que li sem dificuldades, maravilhado com aquele século XIX, com aquelas conversas entre amigos, com toda aquela história que me parecia muito concreta e palpável. Isto ou outra coisa qualquer, porque entretanto já li o livro mais umas quantas vezes e não sei o que li dessa primeira vez.

 

Mas lembro-me disto: o final d’Os Maias foi uma chapada na cara. Aquilo era lindo! O que li foi uma declaração optimista: aqueles gajos acham-se muito blasé, dizem que não vale a pena correr por nada — e, no entanto, correm!

 

Nas aulas em que, por fim, dei Os Maias descobri aquilo que se descobre quando se analisa uma obra depois de a ter lido: que havia para ali muito que não tinha visto, simbolismos e pormenores de linguagem que me tinham escapado — e percebi que isso se calhar era natural em qualquer leitura.

 

Anos depois, voltei a ler a obra e ri-me muito, coisa que não tinha acontecido da primeira vez. O final já me pareceu menos assombroso — também, já estava à espera — e fiquei horrorizado com certas passagens machistas e racistas por que tinha passado sem pestanejar anos antes.

 

Ainda mais anos depois, li, num Kindle, só para experimentar os e-readers. Ri-me ainda mais e li ainda mais depressa. De repente, era difícil perceber como aquele livro podia ser considerado secante. E, de repente, percebi que estava a ler um livro diferente: de cada vez que reli Os Maias, o romance era outro. Ou se calhar era eu que tinha mudado. Uma coisa ou outra.

Este livro é um objecto fantástico...

 

 

Tanto é assim, que até merece uma ligação à empresa que criou este design. 

 

Só mesmo folheando o livro se percebe o efeito da capa.

 

Mas, adiante. O livro é uma colecção de crónicas de Nick Hornby sobre livros. São crónicas mensais, escritas para a revista The Believer

 

As crónicas são leves, sobre os livros que leu e gostou, os livros que leu e não gostou (cujos títulos e autores não aparecem, porque assim são as regras da revista), os livros que comprou e não leu — e tudo o mais que anda à volta dos livros e da leitura.

 

Acho que qualquer pessoa que goste deste blog irá gostar deste livro (irá gostar mais ainda, claro, porque Hornby escreve mil vezes melhor do que eu, claro).

 

(Já agora, Hornby estabelece uma separação marcada entre ficção literária e ficção não literária — e parece que considera a sua própria escrita como não literária. I beg to disagree.)

publicado às 16:31

Há um site magnífico escrito pela nova-iorquina Maria Popova que gostava de vos oferecer em jeito de sugestão. 

 

 

O site está em: www.brainpickings.org. Há também uma newsletter que pode ser assinada no site. Garanto-vos que vale a pena.

 

Este artigo centra-se na sequela a um livro que tenho ali na estante. A sequela chama-se You Are Now Less Dumb. Hei-de voltar ao livro original (You Are Not So Smart), mas para já leiam o artigo

 

Ficarão, assim, a saber que somos uns seres complicados, uma grande invenção da natureza, mas uma invenção que anda a enganar-se a si própria todos os dias. Afinal, quantas pessoas inteligentes não andam aí a jurar pela astrologia, homeopatia e outras coisas dessas.

 

Se o primeiro livro se concentra nesse facto (achamos que somos mais inteligentes do que somos), este segundo mostra formas de ultrapassar as limitações da nossa mente. 

 

Um dos casos relatados pelo livro é a forma como Benjamin Franklin resolveu o problema dum troll político que andava a chateá-lo: pediu-lhe um livro emprestado. Ganhou um amigo para a vida. Se acham isto estranho, leiam o artigo e, depois, até pode ser que queiram ler o livro.

publicado às 12:17

É este o ponto de partida do livro de The Breast, um livrinho de Philip Roth que acabei de digerir. 

 

 

Não vou fazer muitos comentários. A incomodidade que o leitor sente em ver um tema kafkiano transformado numa farsa sexual tão crua é, parece-me, um dos objectivos do autor. (Vários académicos da minha área acabaram de bater com a mão na testa aos gritos: "Os objectivos do autor? Mas que pouca vergonha é esta?")

 

Não fazendo muitos comentários, deixo-vos com a capa de A Transformação, que é a fonte directa do tema de Roth.

 

Ah, pois...

 

Estou a falar de A Metamorfose, que uma nova edição que anda por aí nas bancas transformou numa transformação. Não desatem já aos gritos: o tradutor justifica a opção — e o editor até deixa o título mais comum, em letra pequena, por baixo do título correcto (segundo o tradutor). 

 

 

Isto faz-me lembrar o Monte dos Ventos Uivantes, um título que já adornou as capas do Monte dos Vendavais...

 


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