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Ora, na pré-história deste blog, ganhei um livro com um post um pouco a dar para a galderice.
Ontem, depois de algumas voltas, lá consegui agarrar a minha oferta — e muito boa é ela, ou se é!
Para quem quiser saber que voltas foram essas (quem não quiser, pode passar ao post seguinte): o livro foi ter a minha casa, onde não estava ninguém (horas de trabalho, claro). À noite, peguei no registo e percebi que a estação dos CTT que abrange a minha casa já não é a mesma (uma coisa estranha, em que a minha casa muda de freguesia, e deixa de estar ligada à estação dos CTT da nova freguesia, para passar a estar ligada à estação dos CTT da freguesia donde saiu; enfim, isto agora não interessa nada). Como não me apetecia ir dar essa volta à nova estação (nem à nova, nem à antiga, diga-se), tentei usar o sistema SIGA dos CTT, para que a encomenda fosse entregue na morada do escritório. Preenchi o formulário e cliquei no OK. Nada. O formulário ficou igual.
Pensei: bug no sistema. Paciência.
Ao fim do dia, não resistindo à atracção dum livro oferecido, vou até à tal nova estação dos CTT. Aliás, vou, não, vai a minha mulher, que fiquei no carro por não estar, propriamente, muito bem estacionado (perdoem-me, por favor!). Enquanto ela se dirigia à estação, pensei: bendito bug dos CTT, que assim fico com o livro já hoje.
Ela ficou uns 20 minutos à espera e, quando sai, vem a rir-se, com o aviso na mão — e nada de livro.
Abro o vidro e digo: "então?"
Quando entra, explica-me: "pois, parece que afinal o SIGA funcionou, porque o livro já seguiu para o escritório".
Na manhã seguinte, lá recebi, do carteiro que passa pelo escritório, o livro.
Não importa. Um livro é um livro é um livro — e oferecido até sabe melhor.
Obrigado, Sapo!
Ora, esta língua é, claro, o mirandês.
Esta é a edição em mirandês da Mensagem de Fernando Pessoa.
Não comprei isto só para encher as estantes... Tinha um interesse científico na questão, se quiserem, pois na altura estava à procura de tema para uma tese na área da tradução. Acabei por ir para direcções mais distantes, digo-vos já.
Agora, perguntam algumas pessoas, por que raio alguém traduziu para mirandês um livro que todos os falantes de mirandês podem ler no original?
A questão é complexa...
Primeiro, presumo que tenha sido por prazer. O tradutor, Fracisco Niebro (também conhecido por Amadeu Ferreira) fala mirandês e é um dos seus grandes defensores. Traduzir é também um prazer, principalmente quando não temos prazos para cumprir, gostamos da obra que estamos a traduzir — e queremos defender a língua para a qual estamos a traduzir.
Segundo, é uma forma de tornar mais literária a língua em questão (o mirandês). A tradução sempre serviu para isso — e não imaginam os doutoramentos que já se fizeram com base neste facto.
Terceiro, a tradução de obras marcantes da literatura e cultura portuguesas marca uma característica específica da promoção do mirandês: é feita como forma de promoção da cultura portuguesa e não como qualquer tipo de nacionalismo, regionalismo, etc. Os defensores do mirandês dizem que é a segunda língua nacional. Não dizem que a língua duma região (embora também o seja, claro).
Há quem diga que este tipo de defesa duma língua mais do que minoritária é absurda. Compreendo o argumento, mas não concordo. Hei-de voltar ao assunto, mas não para já...
The Alexandria Quartet: Justine, Lawrence Durrell
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