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Primeiro, quero agradecer à Alexandra a muito simpática referência. É sempre bom saber que estas brincadeiras blogueiras levam a boas leituras.

 

Segundo, chegámos às 10 000 visualizações. Muito obrigado a todos!

Não há que enganar: a recomendação desta sexta é mesmo o Casal Mistério, um dos melhores blogs do Sapo (e começaram há muito pouco tempo...).

 

Bendito casal! Continuem lá a percorrer o país e os restaurantes deste canto à beira-mar plantado, que nós não nos importamos absolutamente nada (e o que acontece a mais das vezes é termos vontade de ir a correr atrás).

 

(Já percebi que hoje o Sapo não está numa de seguidismo, mas não faz mal...)

publicado às 18:40

Devemos ser todos muito curiosos e abertos a quase tudo, mas há limites e qualquer um de nós conhece-os bem. Se leitores há que não abririam o Ulysses nem à lei da bola, outros que não leriam ciência nem que o mundo dependesse deles, já eu não consigo abrir livros de anjos e astrologia e tarot e coisas dessas.

 

 

Porquê? É só mania? Não. Tenho muita curiosidade sobre estas coisas, mas curiosidade científica e humana sobre a razão por que as pessoas são levadas a ler tudo isto e a acreditar de forma tão séria naquilo que é, de forma tão transparente... Ora, como posso dizer isto sem ofender ninguém? Enfim, procurem o significado de BS no Urban Dictionary se faz favor.

 

Tive um ou dois livros que li na altura certa que me explicaram claramente o que é isto e o porquê disto, e embora continue com muitas dúvidas e curiosidades, estou relativamente imune a este vírus (julgo eu). Imune totalmente, nunca estamos, porque quem se julga imune à BS, está mais sujeito à mesma doença do que pensa.

 

Sei que alguns vão dizer: "estás a ser muito preconceituoso; devias ter a mente aberta". Eu tenho a mente aberta e já ouvi estes argumentos todos. Mas a mente aberta não é isto que estão a dizer. Leiam o Carl Sagan para perceber o que é, de facto, uma mente aberta. Uma mente aberta não é uma mente vazia cheia de nuvens de palavras vagas.

Cosmos, de Carl Sagan.

 

Este é, sem dúvida, um dos livros da minha vida.

 

(E a série também é muito boa...)

 

Como não estou em casa agora, tive de procurar fotos por essa internet fora. Aqui vai uma estante que encontrei aqui e que tem outros óptimos livros:

 

 

 

 

O livro de Carl Sagan é um livro que muda a nossa visão do mundo, garanto-vos. Além disso, não muda a nossa visão do mundo com palavras vagas, intenções bonitas ou grandes declarações de amor seja ao que for (também as tem, mas fundamentadas).

 

Por exemplo, ainda me lembro da explicação sobre a os caranguejos japoneses com carapaça em forma de cara de samurai. Não só me conseguiu explicar o mecanismo da evolução (neste caso, artificial), como me fez ver que um fenómeno que parece obviamente mágico pode ter uma explicação natural. Pode ter, não: tem sempre. Afinal, qualquer fenómeno real será sempre natural, por definição, a questão é perceber do que estamos a falar e como funcionam realmente as coisas (não como as nossas complexas emoções querem que funcionem).

 

O espanto perante o universo é transmitido de forma concreta, usando uma linguagem clara e cintilante, própria dos melhores escritores, não sem deixar de plantar sementes de saudável espírito crítico, que permite orientar a nossa curiosidade para longe dos interesses pseudocientíficos em coisas que parecem muito giras mas são, apenas e só, disparates armados em grandes tendas. Estou a falar, por exemplo, da astrologia. (É só um exemplo.)

 

A minha edição, que ainda tenho (e andou emprestada durante uns anos — mas voltou!) tem o papel muito castanho (sempre me lembro de o papel ser castanho). Um edição barata e frágil. Para a proteger, usei aqueles plásticos que púnhamos nos livros da escola. Queria andar sempre com o livro e não queria que se destruísse nas minhas mãos. 

 

Acho que o comprei numa pequena livraria/papelaria, onde comprava os livros da escola e não faço ideia por que razão estava lá à venda um livro que não era propriamente obrigatório. Não sei porque o comprei, mas sei que comecei a devorá-lo rapidamente. Podia dizer que vem dele todo o meu interesse pela ciência, mas julgo que será mais complicado: os meus pais compravam-me enciclopédias sobre muita coisa (daquelas para crianças e jovens), lembro-me de ter uns 6 anos e querer um laborário de brincar, com tubos de ensaio e tudo (uma encarnação muito antiga da Science4you, presumo), e dizia a quase toda a gente que queria ser cientista muito antes de ler este livro. Também me lembro bem de haver um livro qualquer da Disney (!) que falava destas coisas e também daí vem o meu interesse pela ciência. Por isso, a leitura deste livro não apareceu do nada. 

 

Por alguma razão, falei do livro à minha professora de Físico-Química, lá pelos oitavos ou novos anos (memórias vagas...). Algum tempo depois, lembro-me perfeitamente (menos vagamente, portanto), de estar num teste de geografia do 9.º ano, lá para o ano de... deixem ver...

 

1994! 

 

(Incrível...)

 

Dizia eu, estava num teste de Geografia do 9.º ano, quando a professora se chega ao pé de mim e me diz: "mas já leste o Cosmos?" Pelos vistos, os professores tinham comentado entre si que havia uma aberração qualquer numa das turmas que tinha lido um livro sobre ciência daquele calibre. Ou então tinham comentado que havia um aluno que tinha lido um livro, ponto final. Coisa estranha!

 

Estou a ser muito injusto: havia muitos colegas meus que liam muitos livros, alguns mais do que eu (que era admitidamente um freak of nature nesse ponto). 

 

Seja como for, estávamos no meio do teste, e a professora quis começar a falar comigo sobre o livro. A certa altura, tive de lhe dizer que tinha de voltar ao teste. "Ah, claro, claro, força." E assim me concentrei de novo no teste, não fosse a professora achar que estava na conversa em vez de trabalhar...

 

Poucos dias depois informei a minha professora de Físico-Química que tinha escolhido o Agrupamento de Humanidades para o 10.º ano e a senhora ficou em estado de choque: "mas porquê?" Na cabeça dela, se havia um aluno que tinha tido a sorte de ler o Cosmos, certamente não iria parar aos pantanosos cursos de Humanidades, certo?

 

Mais tarde hei-de vos contar porque fui parar a estes pântanos que também são deliciosos. Mas posso dizer que por essa altura já não dizia que queria ser cientista. Queria ser historiador. 

 

Mas o amor pela ciência e a curiosidade por tudo o que tem a ver com o Cosmos não desapareceu, bem antes pelo contrário. Haja alguém por estas áreas mais letradas que goste disso, certo?

Primeira parte deste post: ¶ Livros da minha vida (2.1.): Alexandra Alpha

 

Sim, pensei em continuar este post n.º 2 sobre os livros da minha vida (já agora, o primeiro está aqui), mas acabei por deixar para trás. Tenho de avançar para o terceiro livro, por isso faço este em modo resumo. 

 

  • Leiam com muita atenção a descrição do 25 de Abril neste romance (Alexandra Alpha). É um pasmo literário, em que um autor pessimista e desencantado se transforma num menino maravilhado com tudo aquilo. Já agora, se tiverem tempo, comparem com algumas obras espanholas, em que o 25 de Abril é uma festa distante. Por exemplo, em El dueño del secreto, de Antonio Muñoz Molina.

 

  • Lembro-me de andar a passear muito pelas margens esquerdas do Tejo, por essa altura em que lia Alexandra Alpha, olhando para Lisboa vista daquele lado. Quem conhece José Cardoso Pires, sabe que o autor perdia-se por ir para o Ginjal olhar para Lisboa. 

 

 

Fonte: http://anthropolugus.blogspot.pt/2010/08/almada-by-night.html

 

 

E avancemos para o terceiro livro... Logo que tiver tempo... 

publicado às 11:30

Se tomarmos como adquirido que os jornalistas vão à procura do que é extraordinário e não do que é banal, temos duas hipóteses:

 

a) Os acontecimentos normais e banais são, em geral, positivos e as notícias dos jornais tenderão a ser negativas e a mostrar o que está mal (que será a excepção).

 

b) Os acontecimentos normais e banais são, em geral, negativos e as notícias dos jornais tenderão a ser positivas e a mostrar o que está bem (que será a excepção).

 

Qual destas teorias estará mais próxima da realidade?

 

Resposta tipicamente portuguesa: "O mundo, não sei. Mas em Portugal, tudo é mau e as notícias mostram o que é pior ainda."

 

(Hoje estou numa manhã dada a estas reflexões. A gerência pede desculpa.)

 

 

 

publicado às 10:50

"No nosso tempo, a morte inesperada e violenta deixou de interessar, e nas estatísticas já ela provavelmente equilibra o tipo antigo da morte natural." — diz o narrador do conto "Le Beuret", em Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia.

 

Por acaso, não. A morte inesperada e violenta representa uma percentagem cada vez menor do número de mortes no mundo.

 

Quem diria...

 

(Se não acreditam, leiam The Better Angels of Our Nature.)

publicado às 08:00


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