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(Por amor de Deus, não digam a ninguém, mas voltei ao local do crime e comprei mais livros de contos: a Munro que tinha deixado para trás enquanto o meu filho escolhia o J. Rentes de Carvalho e o Mark Twain.

 

Já agora, o J. Rentes de Carvalho é mesmo muito bom. Era só para avisar.)

 

publicado às 18:40

Bolas, já há algum tempo que não encontrava um autor que me faz desejar assim tão ardentemente chegar a casa para continuar a ler.

Quantos de nós, habitantes orgulhosos desta Sapoesfera, já pensámos donde veio este Sapo?

 

Se alguém aqui estiver que não sabe donde vem o Sapo, força nas canetas e toca de correr até à Wikipédia, que isto não é nenhum trabalho académico e, para coisas destas, a Wikipédia chega e sobra.

 

Ora, ficarão assim a saber que o Sapo é aveirense e tem a bonita idade de 19 anos. Um adolescente a caminhar a passos largos para a adultice. Um estudante universitário, provavelmente. 

 

Ora, tinha eu uns 17 anos (mais novo do que o Sapo é hoje, portanto), quando tive de fazer um trabalho para a disciplina de História do 12.º ano. Isto lá pelo ano de 1997. Ora, o trabalho era sobre o 25 de Abril e o grupo era eu e uma colega minha.

 

A minha colega tinha umas primas que viviam em Lisboa (ui, que aventura!) e eram estudantes no IST. Umas primas mais velhas, muito sábias, do alto dos seus 22 ou 23 anos. 

 

Ofereceram-se para nos ajudar. Lá fomos para Lisboa, de autocarro (nem consigo lembrar-me duma altura antes desses anos em que fiz uma viagem dessas duas vezes por semana, e às vezes mais). Lisboa era ainda uma cidade excitante — bem, para dizer a verdade, ainda o é, mas hoje sou lisboeta, e isso muda tudo no que toca à relação com a cidade, correcto? 

 

Ora, lá aterrámos na capital, andámos a passear, a perguntar às pessoas onde era a Avenida de Berna quando já estávamos na Avenida de Berna, a andar de metro (ui!), a ver aviões (caraças!), enfim, a lisboar por aqui.

 

Lá fomos então ter com as primas mais velhas. Como era fim-de-semana, fomos até ao IST para lá entrar de forma que, pelo que percebi, não estava totalmente de acordo com as regras. Elas tinham acesso, porque estavam a fazer um trabalho de investigação e tinham acesso aos laboratórios. Estávamos nervosos: numa grande cidade, a fazer coisas ligeiramente ilegais, para descobrir fotos e documentos sobre um golpe de Estado.

 

Ora, no IST lá estavam computadores com ligação à Internet, coisa que nós tínhamos, mas a uma velocidade que equivalia a não ter, e lá nos apresentaram elas o Servidor de Apontadores Portugueses, ou SAPO, onde fizemos pesquisas morosas de fotos e textos sobre o 25 de Abril, que colocámos em disquetes. Meu Deus, isto hoje sabe a pré-história, daquela com arqueólogos e tudo.

 

Parecia uma aventura: nós os quatro (eu, colega e primas) à frente dum computador, a ver fotos do 25 de Abril a surgir, linha a linha, em ecrãs daqueles gigantescos. De certa forma, sentia-me no futuro. Ninguém imaginaria uma coisa destas naquele momento em que enfiaram flores por espingardas abaixo...

 

Não faço ideia o que aconteceu à palavra "apontadores", mas hoje ninguém a usa com esse significado... Já o Sapo, cá está, vivo e de muito boa saúde.

 

Anos depois, lembram-se de entrar pela blogesfera e os blogs lá cresceram e transformaram-se e hoje são isto que nós vivemos no dia-a-dia. Ainda bem.

 

(Já agora, não sei se sabem que Portugal é dos poucos países onde um motor de busca nacional faz frente ao Google. Ah, pois é...)

 

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publicado às 15:30

Há uns anos, a minha mulher ofereceu-me uma edição linda da Mensagem. É uma edição clonada do original dactilografado, que está na Bibliteca Nacional.

 

Deixo-vos dois poemas, com correcções à mão e ortografia pessoana e tudo:

 

 

 

 

Estes dois poemas lembram-me sempre a Gruta do Rei da Montanha de Grieg:

 

 

 

publicado às 12:39

Numa destas últimas idas à livraria-cujo-nome-não-vou-repetir-que-não-me-pagam-para-isso, encontrei este calhamação, duns veritiginosos 40 euros (para cima), que inclui entre as capas as memórias de Joaquim Paço d'Arcos.

 

 

 

Não comprei — e nem sequer li alguma vez um livro do senhor. Mas lembro-me de, várias vezes, ter rondado livros dele, ou na biblioteca da faculdade, ou numa ou outra livraria.

 

Sei pouco, o que sei é vago, mas sei que o nome do homem (nem que seja por causa do apelido) me faz lembrar ambientes de classe alta da linha de Cascais, os palacetes que encontramos ao embrenhar-nos pelo Estoril acima, as imagens de carros dos anos 40 a fazerem a Marginal (o que deve ser um anacronismo, mas não faz mal), intrigas entre fumo de charutos e famílias ricas nesse pedaço de terra abençoado por Deus (e pelas famílias reais europeias) — um pedaço de terra virado a sul, ali ao lado de Lisboa, que no fundo é o cenário de romances, intrigas, séries, filmes, imaginações febris, carros a altas velocidades, barcos a ondular no Tejo, pequenos e grandes crimes, amores de miúdos ricos e não só, e tudo isso (e mais alguma coisa). Ah, e há ainda um casino que incendiou a imaginação dum tal de Ian Fleming, e daí Casino Royal, e daí 007, e daí espiões, e daí um certo ambiente literário que não deixa de ser apetitoso (depende dos dias).

 

Nesses poucos quilómetros de costa escondem-se esses "eles" de que o resto do país fala, sem saber bem do que fala, uma espécie de nata (às vezes desnatada) que já controlou ou ainda controla o país — ou julga que controla, aliás. Mas esconde-se também muito mais, nesse que é, provavelmente, um dos pedaços de costa mais lindos da Europa (digo eu, que ainda não percorri todas as costas da Europa. Falta-me um cantinho ali para o Báltico).

 

Tenho também histórias por ali passadas, mas fica para depois. Digo-vos só que fazer a Marginal às 6 da manhã, de Cascais para Lisboa, com o sol a nascer, é das coisas mais interessantes que um homem pode fazer, sozinho, num carro.

 

 

Claude Monet, Impressão, nascer do sol, 1872.

 

publicado às 00:01


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