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Mas afinal a que geração pertencemos nós que temos 30 e poucos anos?
Se calhar mais vale admitir que não há gerações, ponto. Os gajos e gajas do meu país que têm 33 anos ou quase são uma gente tão diversa que se escolhermos 33 ao acaso (só para insistir no número), acabam todos à batatada. Sim, eu sei, andámos todos a rir feitos totós com os Cromos do Markl, mas isso é porque é giro ter aquela idade em que podemos começar a ter nostalgia de quando éramos novos, porque pela primeira vez sentimos que quando alguém fala dos “jovens”, essa massa mentecapta que é preciso “apoiar e estimular”, como se fossem animais, não está a falar de nós! Meu Deus, fomos rascas, à rasca, Y, X, Z, abc, andámos a aturar os senhores adultos (os tais que têm trinta ou mais) a dizer que os jovens não sabem nada — e finalmente já não somos jovens! Iupi!
É uma idade curiosa: primeiro, continuamos a querer ir a Festivais de Verão, porque isto de ser adulto cansa. Ainda bem. Mas também gostamos de dizer que já não temos idade para isto, porque no fundo temos um certo prazer em já não ter idade para isto.
Depois, começamos a ter idade para uma coisa: criticar os jovens. Dizer que os jovens de hoje não são como nós. Que não sabem as mesmas coisas. Que ouvem música de merda. Que não sabem fazer contas. Que não têm trambelhos nenhuns.
E isto leva-me a um momento eureka: e se isto for sempre assim? E se todas as gerações forem criticadas pelos mais velhos e, chegada a sua vez de estar no poleiro da idade adulta, mais ou menos à rasca, começarem a criticar os mais novos?
Agora a pergunta dos dez dólares (que não há dinheiro para mais): isto prova que vamos mesmo de mal para pior, ou que gostamos todos muito de nos acharmos superiores aos mais novos?
Ora, vou dar a primeira volta pela biblioesfera portuguesa. É uma volta singela, para experimentar. Veremos como corre...
Para começar, Maria do Rosário Pedreira lê A Velocidade dos Objectos Metálicos. Diz a editora que, "para mim, que já passei dos cinquenta e tive uma adolescência mais ou menos pacata, foi bastante desconcertante." Porquê? Leia no Horas Extraordinárias. O Blogtailors liga-nos a esta preciosidade: resumos de livros em 140 caracteres. Sara Figueiredo Costa avisa-nos (ou avisou-nos, que isto já é do ano passado) sobre a situação das Bibliotecas de Lisboa, algumas das quais vão passar para as freguesias e coisa pode ficar feia. Isabel Coutinho descobre as Crónicas do Inferno e descobre ainda quem é o autor de O Meu Pipi. Quem ainda não sabe, corra a saber. Eduardo Pitta lembra Paço D'Arcos (o autor). Saindo dos livros por momentos, Pedro Guilherme-Moureira casa Lisboa e Porto e casa muito bem. Pedro Vieira lê o The Economist e encontra portugueses em estações de serviço inglesas (aqui por este blogue havemos de voltar a esse exacto artigo). A Vespinha lê Morreste-me e, logo a seguir, quer andar de comboio pela Sibéria fora. Por aqui, faz-se readerspotting a 200 km/h. Já João Ventura lembra o cronópio Cortázar, que não pode faltar num blog de livros, claro está.
Enfim, acaba a experiência por hoje. A coisa está ainda fria. Esta volta, para usar o empreendorês, acrescenta pouco valor. Mas, enfim, isto são 1h30 da manhã e convém fazer alguma coisa enquanto o sono não me bate na cabeça mas já está suficientemente próximo para não me deixar trabalhar em coisas úteis.
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