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Há uns dias, contei-vos as minhas desventuras com livros, bagagens e companhias aéreas. Pois não é que ainda acabei por comprar mais um ou dois livros? Não é defeito! É feitio… Agora, sosseguem: o meu irmão emprestou-me uma mala de mão e não tivemos de pagar a multa da Ryanair. Antes assim.

 

Mas porque é tão bom andar com livros na bagagem? Porque ando sempre com livros atrás? Sim, cada um é como é, mas acho que não sou o único, como dizia a canção. Há muita gente assim: vão de viagem, e lá vão com livros atrás.

 

Ora, mas porquê? Onde está o prazer de carregar livros? Ou mesmo de os comprar em todo o lado? Há muitas e boas livrarias por cá — e mesmo que não encontremos nas ruas das nossas portuguesíssimas cidades, temos sempre a Wook, a Amazon e outros que tais.

 

É um mistério, e mais mistério será para quem não gosta assim tanto de livros. Por isso, vou tentar explicar, contando-vos um dia de passeio por Londres. Estas minhas histórias vão continuar: gostava de vos ir contando a forma saborosa como os livros se misturam com a minha vida. Não porque a minha vida tenha alguma coisa de especial, mas apenas como testemunho de como os livros nos fazem viver um pouco mais. Serão as minhas memórias de leitor andante.

 

Afinal, os livros e as viagens são dois dos grandes prazeres da vida. Há outros, claro: conversar, brincar, beijar… Mas mesmo esses combinam bem com viagens e, às vezes, até com os livros. Conversar sobre livros, brincar sobre livros, beijar com livros à volta. Enfim, a vida às vezes não é completamente má.

 

Londres para crianças

Ora, no sábado, quando a minha viagem ao país da minha sobrinha estava já a acabar, decidimos ir, por fim, a Londres. Não é assim tão fácil: há autocarros, comboios, metros e muita gente, numa cidade que é uma das capitais do mundo. Com miúdos, a coisa não é assim tão fácil — nem barata.

 

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Ah, mas é impossível resistir. Ali tão perto e não havemos de dar um salto à capital? Lá fomos, entre autocarros e comboios e metro e double deckersvermelhos, que o Simão adorou, pois então. Há qualquer coisa no kitsch britânico que atrai as crianças: os autocarros vermelhos, os chapéus gigantes dos guardas da rainha, os capacetes redondos dos bobbies, os táxis bem negros, a bandeira de cores bem definidas. Não sei, talvez seja eu que tenho um fraquinho pelo país…

 

Decidimos ir ao Museu de História Natural. Pelo caminho, o Simão foi conhecendo King’s Cross, o metro de Londres e, de fugida, os magníficos parque da cidade.

 

Descobrimos até este delicioso aviso:

 

PILLOW FIGHTS

 

Quem estiver interessado em saber a origem deste aviso, fique a saber que existe o Dia da Luta de Almofadas.

 

A sério.

 

Lá chegámos ao Museu de História Natural — e bem a tempo, porque um sol simpático se transformara entretanto em inverno chuvoso. Já sabemos: em Inglaterra, não são os anos que têm quatro estações, mas os dias…

 

Vimos dinossauros, o que deixou o Simão aos pulos. Ainda vimos o corpo humano por dentro, exposições de insectos, e muito do que esse museu tem para dar.

 

Sim, havia muita gente, demasiada gente — mas quem somos nós para nos queixarmos, que também lá estávamos?

 

O mistério dos caixotes de lixo de Londres

Pois a seguir, acabámos o plano que tínhamos e decidimos ir jantar um pouco mais tarde do que o habitual por lá (ou seja, depois das 19h) para terminar a semana de visita de forma descontraída.

 

Mas onde?

 

Aqui foi mais complicado. Estava a chover. Tínhamos ideias diferentes. Estávamos cansados. Foi difícil chegar a conclusões, mas o meu irmão lá nos convenceu a ir jantar à beira do Tamisa, ao Southbank Centre.

 

Mas as linhas de autocarros não se vergam à nossa vontade. Para lá chegarmos, foram vários minutos a pé, que não seriam nada difíceis, não fosse dar-se o caso de estar a chover.

 

Lá seguimos pelos caminhos dessas ruas do Royal Borough of Kensington and Chelsea. Digo-vos o nome para tentarem imaginar essa Londres específica, de casas com ar de serem demasiado caras para a bolsa da rainha…

 

Chegámos por fim à paragem. Chegou-se ao pé de nós uma mulher dos seus 30 anos, muito bem vestida, que tropeçava numa improvável bebedeira a meio do dia. Tropeçava e gritava: «Onde é que está o raio do caixote do lixo?»

 

Mais um tropeção. Mais uns gritos, à chuva: «Claro que não há! Isto é Londres, não há caixotes do lixo em lado nenhum!»

 

Gritava sozinha, mas gritava com alguma razão, que é difícil deitar alguma coisa no lixo naquela cidade.

 

Culpa do terrorismo, dizem alguns. E, de facto, o meu irmão apontou-me para sítios onde há pouco tempo havia caixotes de lixo e agora já não. Nos anos 70, também era difícil encontrá-los, por causa do IRA. Hoje em dia, os terroristas são outros, e talvez os caixotes do lixo não sejam assim tão perigosos, mas nunca fiando.

 

Lá veio o autocarro, entrámos, passámos pelo City Council de Westminster, depois a Abadia, depois o Parlamento, a ponte sobre o Tamisa, a roda gigante a espantar os olhos do Simão e da Lilah. Parámos na Estação de Waterloo e lá fomos a pé, mais uma vez à chuva, procurar o restaurante. A zona é muito diferente de Kensington: estamos na margem sul, com linhas de comboio a passar por cima de nós e o cimento do Royal Festival Hall à chuva, num dia cinzento. Mas não faz mal.

 

Chouriças em Londres (e um jantar à beira do Tamisa)

Londres também tem as suas feiras. A caminho do vago restaurante prometido, passámos por uma feira com barraquinhas de comida e bebida e ficamos tentados: por momentos, parecíamos transportados para uma festa de Verão numa qualquer vila portuguesa, com chouriços e demais iguarias ali à venda.

 

Tudo tinha um ar apetitoso, mas as mesas de bancos corridos, como em qualquer festa de aldeia, estavam vazias — pois estava londrinamente a chover (e nós a andar e o restaurante que não aparecia).

 

Havia mais gente à procura de poiso. Um português passou por nós a dizer ao grupo que o acompanhava: «Estou aqui estou a ir ao McDonald’s.»

 

Mas nós, não! Havíamos de encontrar um bom sítio para fechar a viagem. Hambúrgueres, não.

 

Lá fomos, com os miúdos protegidos o melhor possível da chuva. Diga-se de passagem que a chuva caía, mas não era uma enxurrada. Incomoda, mas não torna impossível andar a pé. Afinal, por mais inacreditável que possa parecer, chove mais em Lisboa do que em Londres. Só que em Londres a chuva é mais miudinha e demora mais tempo a cair…

 

Uma livraria para sair à noite

Pois cansados e molhados, lá chegámos a um restaurante, ali à beira do Tamisa, ao lado duma das pontes.

 

Foi um jantar muito agradável, num restaurante muito cheio, mas em que os empregados pareciam não ter qualquer dificuldade em brincar com as crianças e em trazer tudo depressa e bem.

 

Conversámos, rimo-nos todos, vimos fotografias da semana, falámos de tudo e nada, como apetece. O meu irmão vive em Cambridge desde 2008 e, assim, temos de nos servir destes momentos para falar e conversar ao vivo. Não é que não falemos quase todos os dias doutra maneira, mas sabe bem estarmos juntos — e vermos os dois primos também juntos, a aprender a brincar (e a misturar línguas de forma deliciosa).

 

Ora, como cereja em cima do bolo, mesmo ao lado do restaurante havia uma livraria Foyles, à vista da nossa mesa, muito bem iluminada, tão apetitosa como uma prateleira cheia de doces para os gulosos. É estranho pensar que, naquela correnteza de restaurantes e bares, está uma livraria aberta até tarde. Enfim: comer bem, passar os dedos pelos livros, beber um copo. Estes apetites não me parecem assim tão diferentes.

 

No fim do jantar, lá pedi desculpa, mas não conseguia resistir. Queria ir dar uma vista de olhos pelas estantes… Eles riram-se e eu lá fui, com o Simão atrás, que quis ir comigo.

 

E foi ali que o meu filho comprou o primeiro saco de berlindes da vida dele… Já eu, apesar da pilha que já tinha para levar para Portugal, acabei por comprar este livro:

BOOK

 

A noite de Londres e as memórias nos livros

Entretanto, voltei. Só estavam a Zélia e a Sofia. O meu irmão também tem os seus impulsos e tinha ido dar uma volta para tirar fotografias ao rio. Fomos ter com ele: a Zélia e a Sofia saíram a conversar animadamente, com a Lilah no carrinho. Eu levei o Simão ao colo até um ponto onde se via o London Eye contra as nuvens ensopadas das luzes de Londres. Apontei e disse-lhe: «Olha a roda a andar.»

 

Ele disse-me: «Não está nada a andar, pai», com ar de professor. Eu disse-lhe: «Está sim, olha com atenção». E ele olhou, muito concentrado, durante uns segundos. E acabou por dizer: «Tens razão, pai!» E sorriu. Já aprendeu a mudar de ideias, o que me parece muito bom.

 

(Mas também tem as suas teimosias: passou a semana a tentar convencer-me que o encarnado é para andar e o verde para parar. Porquê? Não sei bem. Se calhar ficou convencido que se os carros andam do lado contrário, as luzes dos semáforos também são ao contrário.)

SOUTHBANK DIOGO

Foto do Diogo.

 

Nessa noite, ficámos todos uns momentos a ouvir um músico de rua, de noite, com o Big Ben ao fundo.

 

Para quem, como eu, sempre gostou muito de Londres (hei-de vos contar nos próximos capítulos a minha estranha relação com a cidade), tudo aquilo era delicioso.

 

Ora, porque vos conto tudo isto? Bem, porque me apetece, e espero não estar a ser demasiado aborrecido. Mas há outra razão para vos contar memórias que para mim são simpáticas, mas para quase todos os outros serão banais. A razão é esta: queria dar um exemplo em que um livro fica indelevelmente ligado a um sítio e um momento. E não é por ser um livro especial ou sequer por ser um livro sobre Londres. Apenas e só porque o comprei, folheei e li um pouco nessa noite.

 

Para que servem os livros?

Os livros, meus amigos, servem para muitas coisas: para fazer peso na bagagem, para levar debaixo do braço, para servir de base para escrever (ai, que dor!), para atrair pó, para pôr debaixo dos pés das mesas bambas — e até para ler!

 

Mas os livros são também, para quem não passa sem eles, uma maneira muito pessoal de marcar a paisagem e as cidades por onde andamos. Ao folhear este ou aquele livro, lembro-me onde estava quando li esta ou aquela passagem. Às vezes, só a capa chega para lembrar esta ou aquela cidade, este ou aquele café, esta ou aquela companhia.

 

Os livros guardam essas memórias. São uma espécie de fotografia da mente: registam as sensações, as memórias, o diálogo contínuo que temos connosco mesmos: as ideias em que andamos a matutar por esses dias, as conversas, os desejos, até os momentos banais em que entramos num autocarro com o livro na mão e picamos o bilhete. A nossa vida acaba misturada com o que lemos e com os livros que compramos ou que, por sorte, levamos connosco.

 

Os livros servem para viajar melhor, para ir onde nunca fomos, para conhecer a nossa própria cidade, para viver um pouco mais.

 

Sei que, durante muito tempo, sempre que olhar para este livro (Londoners), vou lembrar-me desse jantar de duas famílias de irmãos, das conversas dessa noite, da paisagem de Londres, que nunca tinha visto dali, à noite, à chuva, do percurso de autocarro já com o livro dentro do saco molhado da Foyles,  da conversa com o Simão intrigado com o roda gigante — e ainda da mulher bêbada, dos dinossauros do museu, da dificuldade que era pôr o carrinho da Lilah no autocarro, do metro em que andámos de manhã, das lutas de almofadas que afinal são proibidas em certos parques, não vá alguma acertar num qualquer soldado de chapéu muito grande.

 

Nos próximos capítulos hei-de continuar por aí fora, entre cidades e livros, a falar um pouco das minhas memórias de leitor sem rumo. Porque o verdadeiro prazer de viajar é não saber exactamente onde vamos a seguir: tal e qual como acontece com os livros. É bom planear viagens e pôr livros numa pilha para os ler um a seguir ao outro. Mas ainda é melhor rasgar os planos ou desmanchar a pilha de livros, para voltar a empilhá-la, logo a seguir, doutra maneira qualquer.

 

Vamos a isto.

 

No próximo capítulo, vamos conhecer a voz que lê os nomes das estações londrinas — sim, vou apresentar-vos a senhora que diz, no sotaque exacto que associamos aos britânicos, nomes como Piccadilly Circus, Oxford Street e todas as outras estações (são centenas). Depois, havemos de ir a muitas cidades, incluindo a nossa Lisboa, onde até os autocarros são musas para alguns poetas. Todas estas viagens, claro está, com muitos livros na bagagem.

Não sei se tem perdão, mas quando viajo de avião tento fazê-lo de forma não muito cara. Calha assim voar na Ryanair, o que põe em polvorosa quem percebe de aviões, mas nada posso fazer: é barato e leva-nos onde queremos. E o certo é que a viagem para Londres é rápida e indolor, pelo menos se o avião não cair. Para quê pagar mais 200 euros só para comer um mau almoço? Sim, eu sei, há outras considerações nisto tudo. Mas pronto, repito isto: espero que me possam perdoar.

 

Pois tudo para dizer que a tal companhia do Ryan tem umas regras muito apertadinhas quanto às bagagens. E, sim, uns gramas a mais podiam deixar-nos com uma multa tão cara como o próprio bilhete. Assim, nada de abusar da roupa e muito menos desse pesadelo que são os livros (pesadelo no sentido de peso).

 

Vim então visitar o meu irmão a Cambridge. E vim na Ryanair. E trouxe um só mísero livro. Que horror, não é? Uma semana, um livro?

 

Ora, claro que não. Porque se o livro veio sozinho para Inglaterra, há-de ir bem acompanhado para Portugal. Calculámos tudo (eu e a Zélia) para ter espaço para os livros no regresso.

 

E ainda a semana vai a meio e já tenho uma pilha de livros na estante do meu irmão prontos para transporte para Portugal na bagagem dum singela família que reza aos deuses para que os gramas não ultrapassem os caprichos das balanças do aeroporto.

 

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E o bom é que ficaram baratíssimos. Alguns destes custaram 2 libras… O mais caro terá sido 9 libras. No total terei gastado umas 25 libras para sete livros. Não é mau!

 

A minha cunhada Sofia pergunta-me se os vou ler todos: não faço ideia. Mas já vão todos com uma ou duas dentadas — e um deles até já vai bem comido.

 


 

Ah, e que prazer foi entrar numa livraria com seis andares… Numa cidade como Cambridge há muitas outras, todas apetitosas, mas esta enche-me as medidas de leitor de tão completa que é. Há mesas tão específicas que fico com a cabeça a andar à roda: a mesa dos romances policiais de Cambridge; a mesa dos livros para ajudar a decidir se o Reino Unido há-de ficar ou sair da União Europeia; a mesa dos livros para perceber melhor a economia dos últimos 10 anos; estão a ver a ideia.

 

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Ora, em viagem, os livros vou escolhendo-os ao sabor das capas, do dinheiro que acho que devo gastar, do interesse do título, do folhear das páginas. Os livros que quero mesmo comprar vêm pela Amazon ou encontro-os nas livrarias lá da terra. Por exemplo, dos livros ingleses, ando há algum tempo a querer The Buried Giant, de Kazuo Ishiguro, eThe Noise of Time, de Julian Barnes. Ora, já peguei neles uma ou duas vezes nestes dias, mas não os trouxe. Isto porque quando viajo, gosto de ir pelos meus dedos, rezando à deusa chamada Serendipity.

 

E foi assim que, entre livrarias antigas, outras de desconto, acabei com a pilha que vos mostrei acima. Prometi a mim mesmo que ficava por aqui, mas ainda tenho aqueles dois debaixo de olho. Mas esses talvez fiquem para comprar em Lisboa, que a Ryanair não perdoa — e ainda tenho de levar três livros que uma amiga me pediu para um amigo dela (a malta dos livros é uma máfia, ah pois é).

 

84 Charing Cross Road, de Helene Hanff

Uma americana compra livros à distância a uma livraria inglesa nos anos 50 e 60. Por carta. Torna-se amiga do livreiro. E nada disto é ficção, neste livro que recolhe essas mesmas cartas. Veio a ser uma peça de teatro e um filme de 1987 com Anne Bancroft e Anthony Hopkins. Se o ler e se a vontade assim o ditar, dir-vos-ei o que achei. Para já, encontro muitos nomes de livros no meio daquelas páginas. Água na boca, água na boca…

 

Accidence Will Happen, de Oliver Kamm

Deste já aqui vos falei e parei de ler porque estava a concordar demasiado com o autor. Tenho de me acalmar e lê-lo com mais vagar e mais espírito crítico. É um livro cruel para todos os puristas da língua. Saem com as orelhas a arder. (Foi escrito por um antigo purista, entretanto curado de tal mal.)

 

Já que o elogiei tanto, fica aqui um pequeno reparo: o título baseia-se num trocadilho muito rebuscado. O autor explica-o no texto, mas por ser tão difícil de apanhar, muitos tenderão a achar que é apenas um erro intencional («accidence» em vez de «accidents»), dando munições aos tolos que acham que os linguistas e todos os que se tentam afastar da visão purista e simplista da língua são, de alguma maneira, a favor dos erros (tanto que até os põem na capa só para irritar). Nada de mais errado, claro. Mas tendo em conta a forma simplista como muitos puristas vêem a língua, não me admiro que pensem isso deste livro. Ou talvez já seja eu a pensar demasiado…

 

Matilda, de Roald Dahl

Já conhecia contos de Roald Dahl para adultos e já vi, claro, o filme. Mas nunca tinha lido a Matilda em livro. Encontrei-a enquanto estava com o Simão no andar dos brinquedos e livros infantis da Waterstone’s. É um livro deliciosamente incorrecto (começa com o autor a imaginar-se professor e a arranjar formas de insultar os alunos nas avaliações) e malandro como só as crianças sabem ser (e Roald Dahl, claro está). É possivelmente a defesa da leitura mais implacável que conheço. Não consigo parar de ler. A Matilda é a heroína de todos os que vivem entre livros num mundo que não gosta de ler. E dá para rir sem parar.

 

Millennium, de Tom Holland

Um livro de divulgação histórica sobre a Europa por volta do ano 1000. Entre reis, cavaleiros e muita guerra e aventura, esta é uma História a sério, escrita de forma empolgante, pelo menos a julgar pela pequena dentada que lhe dei. Mais veremos lá para frente.

 

Junk Mail, de Will Self

Nada tenho a declarar. Talvez um dia, se me apanharem.

 

Falling Upwards, de Richard Holmes

Este é um livro sobre balonismo (!). Sim, eu sei, é um tema incrivelmente específico. Mas, às vezes, os temas específicos levam-nos a descobrir perspectivas sobre o mundo e sobre a História que nos seriam invisíveis se nos mantivéssemos no geral e naquilo que nos interessa à partida. O folhear do livro levou-me a apostar nele, no espírito de sorte e azar que estas coisas implicam. Veremos.

 

The Canterbury Tales, de Geoffrey Chaucer, recontados por Peter Ackroyd

Há muitos muitos anos, li estes contos por imposição universitária. Agora, apeteceu-me lê-los numa outra versão, em prosa e em inglês actual, reescritos por Peter Ackroyd. «When the soft sweet showers of April reach the roots of all things…» Sim, as traduções também servem para isto: manter os clássicos de há muitos séculos bem próximos dos leitores de hoje em dia.

 


Agora, uma confissão: ao contrário do que vos disse no início, trouxe mais do que um livro para cá. Trouxe várias dezenas.

 

Mas não menti: só trouxe um livro em papel. Tenho as tais dezenas de outros livros no telemóvel. Aliás, um dos dois livros que estou a ler de fio a pavio por estes dias está em formato electrónico.

 

Para quê andar com volumes atrás, se não me importo de ler no telemóvel? Acho sinceramente que o livro em papel tem vantagens que compensam as dores de costas de os transportar, o pó que temos de limpar e tudo o mais. O livro é também um delicioso objecto, que apetece folhear e mordiscar. Não vai desaparecer. Só que não temos de nos impedir o melhor de dois mundos: papel nuns casos, pixeis noutros. Nada nos obriga a ter de escolher.

 

Agora que é um prazer ler e falar do que lemos, lá isso é. E não acham que um dos maiores prazeres de viajar é ler, misturando de forma imprevisível as memórias dos sítios por onde passamos com as memórias dos livros que lemos?

publicado às 21:12

À distância...

16.05.14
... nasce-me uma sobrinha e passo a ter desejos de viajar a todos os momentos do dia...

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publicado às 14:50

Fluviário

26.04.14
Fui hoje a Mora conhecer o Fluviário e não posso deixar de recomendar. Sigam com vossos filhos e conheçam os peixes do rio e rido o que os rodeia.

Cuidado com as piranhas!

E observem bem as lontras...

Claro que não! 

 

Aliás, se puserem as coisas nestes termos, de facto dá cabo de alguns mistérios. Mas não dá cabo do nosso espanto perante o mundo. Antes pelo contrário.

 

Se querem perceber o que estou a dizer, leiam este livro, uma das minhas aquisições nesta última fornada comprada em Cambridge:

 

publicado às 10:46

As viagens, meus amigos, são como os livros, de facto. Ficamos imersos nelas, olhamos para tudo com outros olhos, sentimos o mundo mais de perto e acabamos mudados de formas impercetíveis (e às vezes até muito perceptíveis). Acabei de chegar duma viagem de oito dias com a minha mulher e o meu filho pequeno, que viajou de avião pela primeira vez, e vimos diferentes do que fomos. É como vos disse: uma viagem é um livro, mas em que não temos de parar de ler para nada: estamos lá dentro constantemente.


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